terça-feira, 6 de novembro de 2012

ELEFANTE BRANCO



                  Sábado passado (3/11) fomos ao Clube do Professor e assistimos ao filme argentino Elefante Branco, com Ricardo Darin. Surpreendente o trabalho do diretor Pablo Trapero e de toda a equipe. Fiquei pasmado de admiração naquelas cenas de maior movimentação, em que grande número de atores (a maioria deles amadores) em movimento constante em plano-sequência sem corte e, apesar disso, não há por parte da criação artística nenhum descontrole, nenhum indício de que algo tenha escapado ao que previamente estava determinado pelo roteiro. Nada parece acidental na ação e, outra qualidade excepcional; mesmo nas cenas noturnas ou de temporal a imagem deixa de ser o suficientemente nítida para que o espectador possa captar o que deve ser transmitido. Ótima lição para quem faz cinema, sem querer ofender, mas como lição de que se pode tirar proveito, recomendo à equipe que gravou Gonzaga de pai para filho, que veja esse filme. Outra lição, triste, que o filme argentino nos transmite é que a miséria, o vício, o desrespeito, a violência em todas as suas formas, tudo isso não tem pátria. Tanto aqui, como lá, e em outros países, vamos encontrar as condições de vida precárias e todas as consequências disso. Lembrei-me de uma frase, embora não me lembre do autor, que encerra dolorosa verdade: "O poder corrompe, mas a miséria corrompe muito mais". Triste de nós que não vemos caminhos para a solução de problemas tão graves.
Acreditamos que nos desenvolvemos, que evoluímos, que somos melhores que as pessoas e  a sociedade da Idade Média, mas vendo nossa realidade atual, fico com dúvidas dolorosas. O pior é que muitos de nós preferem ignorar, fugir, não ver filmes com esse tipo de mensagem, enfim, lavar as mãos como Pilatos. Por isso invejo meu amigo Fernando, de Petrópolis, que está iniciando um trabalho em comunidade carente de sua cidade. Desejo-lhe muito sucesso e espero começar algo assim no ano que vem. O homem não é uma ilha, como dizia Donne, mas muita gente faz o maior esforço para se tornar uma.

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