domingo, 29 de novembro de 2015

ARARUAMA e COSTA DO SOL

CRÔNICA DE UM DITADO POPULAR
 
Com as amigas Regina e Rosélia em noite de autógrafos.
Hoje, final do mês de novembro de 2015, veio-me de cambulhada, tudo misturado, um soneto com emenda e uma conversa marota que tive com a Verona, figura muito singular na minha vida. Não só isso, mas outras coisas, uma por exemplo que nos remete ao século XV. Calma, vou organizar as informações, mas não vai ser fácil porque as coisas não vieram arrumadas, mas aos trambolhões.
Quando o Renascimento aconteceu no século XV, surgiu a forma de poema denominada soneto, que consistia de uma construção elaborada em versos decassílabos, distribuídos por quatro estrofes, sendo as duas primeiras com quatro versos e as duas últimas com três versos cada uma. Quando os mestres se puseram a ensinar a seus discípulos essa nova forma de poema, perceberam que muitos não alcançavam a concisão necessária e chegavam ao décimo quarto verso sem terminar a ideia, o conteúdo. Algum mestre, então, teve a generosidade de deixar que fizessem mais dois versos para ver se conseguiam, passando a denominar esses dois versos de “emenda”. Claro, suponho eu, que os bons alunos conseguiam, mas os fracos que não logravam um bom soneto, com apenas mais dois versos não resolviam sua situação e, provavelmente, se o soneto ficava ruim, a “emenda” ficava pior que o soneto. Isso gerou um ditado popular: “Ficou pior a emenda do que o soneto”.
Essa frase sempre foi usada para indicar uma situação em que você tenta melhorar algo, qualquer coisa, e o resultado fica pior. Um exemplo disso é aquela anedota em que a esposa, olhando-se no espelho fala para o marido que está se achando gorda, velha, cheia de pelancas e ele para a consolar diz, pois é, mas a sua visão está ótima meu bem.
Tudo isso e mais o que vou dizer no final, veio-me à mente porque construí agora um soneto com emenda. Resolvi fazer o soneto porque me lembrei de um que Manuel Bandeira havia feito e me impus o desafio de também construir outro. E como Drummond fez um soneto com versos redondilhos menores, decidi fazer o meu com redondilhos maiores. Ficou assim:
Arrebol de Ponta da Acaíra, foto de Solange. 



ONDE AGORA MORO

Aqui encontrei abrigo.
Aqui, na Costa do Sol,
encontrei tão bons amigos
e meu mais lindo arrebol.

Por isso é que sempre falo;
eu quero o melhor para mim.
De peito aberto declaro:
Aqui será o meu fim.

Bons ventos sempre me trazem
aquilo que me faz bem:
pureza, oxigênio e leveza.

Os raios do sol me fazem
mais moreno e também
perceber tanta beleza.

Por isso digo sem medo
Aqui finda meu enredo.

Procurei, sem muito êxito, registrar o momento que estou vivendo, principalmente pelo grande número de amigos conseguidos em Arraial do Cabo e em Araruama, cidade que me deu mais oportunidades e reconhecimento. Aí relendo o texto para corrigir, veio a figura da Verona, quando trabalhava para mim Em Taboão da Serra, São Paulo. Certo dia, atendi uma professora ao telefone e procurei resolver um problema, não me lembro bem, mas creio que ela comprara meu livro e ainda não recebera pelo correio. Tentando me desculpar, disse algo que não aliviou a braveza da professora, e pelo contrário aumentou sua indignação. Ao desligar, deparei com a Verona de vassoura na mão, parada, rindo-se de mim. Sempre tratei meus subalternos com a mesma dignidade e respeito com que trato qualquer pessoa e também dou a eles e elas o direito de me tratar da mesma forma. Verona então disse-me: “Pois é, seu Geraldo, ficou pior a emenda do que o soneto.
Então eu me lembrei de todas aquelas informações com que iniciei este texto e para não deixar que ela me zombasse, esnobei:
− E você por acaso sabe o que é soneto?
− Não, mas o senhor me entendeu, não é mesmo?

Essa era a Vera, não deixava nada pela metade. Ainda vou escrever um texto, não sei se crônica ou conto, contando uma estória em que ela foi enredada por outra pessoa.

sábado, 28 de novembro de 2015

Blog e BURQUINA FASO

BURQUINA FASO




Não sei se você sabe, mas tenho alguns blogs; um deles é o geraldochacon.blospot.com, mas no outro preferi colocar professor na esperança de ser localizado por alunos que pesquisassem na internet, por isso ficou professorchacon.blogspot e não sei se coloquei com.br ou somente o com e ponto final. Você já percebe que não sou muito bom nessas novidades que a molecada domina. Bem, estou falando isso porque só depois de um ano com esses blogs foi que notei que existe um recurso ou local, quando o bloguista (ou será blogueiro?) entra para modificar algo, fazer uma postagem, que mostra estatisticamente não só as visitas, quantidade (isso eu já sabia), mas também a origem, ou seja, de onde são ou estão aquelas pessoas que visitaram o blog. Dei pulos de alegria, fiquei muito contente, principalmente porque vi que havia gente dos Estados Unidos, da Alemanha, pensei logo que devia ser o casal que esteve hospedado aqui em casa. Havia também gente da França e Reino Unido, que imaginei como antigos alunos que estariam estudando, ou mesmo que se mudaram, mas o que me espantou foi a indicação de visitas provenientes da Russia e da Ucrânia. Mas isso ainda foi pouco, perto da descoberta de uma visita, uma só, uma só visita, que aparecia em último lugar, claro, e essa me enlouqueceu porque imagine que era proveniente de Burquina Faso. Isso mesmo, não há erro de digitação não, Burquina, palavra que nunca vi, completada com Faso, que desconheço totalmente. Podia ser Fase, faria certo sentido, mas Faso? Fiquei muito curioso e fui logo pesquisar onde ficaria esse lugar, pensando que deveria ser pequenino como o reino dos Mangauas que aparece num conto do meu livro A VIDA QUE EU VI. Imaginei também que, além de pequeno, deveria estar perdido na Ásia.

No entanto, para minha enorme surpresa, o país é relativamente grande e fica na África. Eu ainda estava esperando abrir o mapa na tela do computador e já minha mulher, sempre perguntadeira, quis saber:
─ Qual o idioma deles?
─ Burquinês, é claro!

Que mais poderia eu dizer? Nem fazia ideia de que o tal país existisse, como iria saber a língua que eles falam? Mas logo vi que foram colonizados pela França, daí podemos deduzir que lá se fala o francês além de, possivelmente, diversos outros idiomas ou dialetos das várias tribos que compõem a nação, que fica ao sul do Mali e ao norte de Gana. A palavra “burquina” no idioma more quer dizer “homens íntegros”, correspondendo à nossa expressão abaetê, do tupi e “faso”, proveniente do idioma dioula, significa “terra natal”, resultando numa denominação pouco modesta e muito orgulhosa de si próprios: “Terra de homens íntegros”.
Fico humoristicamente imaginando você recebendo um telefonema em que a voz do outro lado lhe pergunte: “Você conhece o “H” do Gu?”. Já vejo seus olhos arregalados de espanto e pensando, caso conheça algum Gustavo, uma porção de bobagens. No entanto, a pessoa estaria apenas querendo saber se você conhece a capital de Burquina Faso; Uagadugu.
  Agora, o que me dói e aperta meu coração de criança curiosa, que continuo sendo, é ter quase certeza de que nunca saberei quem foi a criatura burquinesa que entrou no meu blog e muito menos o que a levou a fazer isso.
Gostaria muito de escrever para ela e agradecer sua visita. Ah! Como eu gostaria de fazer isso! Tomara que entre de novo e leia essa crônica!



sexta-feira, 27 de novembro de 2015

GINÁSIO E FRANCÊS

Eu sou um dos últimos remanescentes daquele tempo em que o ensino público era melhor do que o particular e que o ensino em geral era melhor do que hoje. Desculpe-me, não é nada de saudosismo, de jeito nenhum, até porque nada era fácil naquele tempo. No entanto, com toda facilidade de hoje os jovens revelam mais desconhecimento, para não usar o termo ignorância, do que em nosso tempo. Hoje, do quinto ao nono ano, correspondente ao antigo ginásio, deparo com estudantes que desconhecem a crase, as regras de acentuação e quando peço para anotarem meu nome e endereço de e-mail, algumas vezes, questionaram se Geraldo era com "g" ou com "j".
Não desmaiei, mas fiquei triste. Nós estudávamos latim, inglês e francês. Até hoje, lembro-me de alguns versos que me faziam chorar de tanta emoção. Eram de um poema famoso de Lamartine; Le Lac; 

Ainsi, toujours, poussé vers de nouveaux rivages,
dans la nuit éternelle emportés sens retour,
ne pourrons nous jamais sur l'océan des âges
jetter l'encre um seul jour?  

Pois, veja só a diferença de épocas, eu aqui sofrendo para registrar o que me veio  na memória e procurando em um dicionário antigo, se despetalando como rosa velha, com folhas caindo pelo chão, quando minha mulher me disse "por que você não pesquisa na internet e baixa o poema?"  Pesquisei, entrei no site bacdefrancais.net/lelac e vejam o que encontrei, agora é só comparar a primeira estrofe e verificar o quanto errei.

Le Lac

Ainsi, toujours poussés vers de nouveaux rivages,
Dans la nuit éternelle emportés sans retour,
Ne pourrons-nous jamais sur l'océan des âges
Jeter l'ancre un seul jour ?

Ô lac ! l'année à peine a fini sa carrière,
Et près des flots chéris qu'elle devait revoir,
Regarde ! je viens seul m'asseoir sur cette pierre
Où tu la vis s'asseoir !

Tu mugissais ainsi sous ces roches profondes,
Ainsi tu te brisais sur leurs flancs déchirés,
Ainsi le vent jetait l'écume de tes ondes
Sur ses pieds adorés.

Un soir, t'en souvient-il ? nous voguions en silence ;
On n'entendait au loin, sur l'onde et sous les cieux,
Que le bruit des rameurs qui frappaient en cadence
Tes flots harmonieux.

Tout à coup des accents inconnus à la terre
Du rivage charmé frappèrent les échos ;
Le flot fut attentif, et la voix qui m'est chère
Laissa tomber ces mots :

" Ô temps ! suspends ton vol, et vous, heures propices !
Suspendez votre cours :
Laissez-nous savourer les rapides délices
Des plus beaux de nos jours !

" Assez de malheureux ici-bas vous implorent,
Coulez, coulez pour eux ;
Prenez avec leurs jours les soins qui les dévorent ;
Oubliez les heureux.

" Mais je demande en vain quelques moments encore,
Le temps m'échappe et fuit ;
Je dis à cette nuit : Sois plus lente ; et l'aurore
Va dissiper la nuit.

" Aimons donc, aimons donc ! de l'heure fugitive,
Hâtons-nous, jouissons !
L'homme n'a point de port, le temps n'a point de rive ;
Il coule, et nous passons ! "

Temps jaloux, se peut-il que ces moments d'ivresse,
Où l'amour à longs flots nous verse le bonheur,
S'envolent loin de nous de la même vitesse
Que les jours de malheur ?

Eh quoi ! n'en pourrons-nous fixer au moins la trace ?
Quoi ! passés pour jamais ! quoi ! tout entiers perdus !
Ce temps qui les donna, ce temps qui les efface,
Ne nous les rendra plus !

Éternité, néant, passé, sombres abîmes,
Que faites-vous des jours que vous engloutissez ?
Parlez : nous rendrez-vous ces extases sublimes
Que vous nous ravissez ?

Ô lac ! rochers muets ! grottes ! forêt obscure !
Vous, que le temps épargne ou qu'il peut rajeunir,
Gardez de cette nuit, gardez, belle nature,
Au moins le souvenir !

Qu'il soit dans ton repos, qu'il soit dans tes orages,
Beau lac, et dans l'aspect de tes riants coteaux,
Et dans ces noirs sapins, et dans ces rocs sauvages
Qui pendent sur tes eaux.

Qu'il soit dans le zéphyr qui frémit et qui passe,
Dans les bruits de tes bords par tes bords répétés,
Dans l'astre au front d'argent qui blanchit ta surface
De ses molles clartés.

Que le vent qui gémit, le roseau qui soupire,
Que les parfums légers de ton air embaumé,
Que tout ce qu'on entend, l'on voit ou l'on respire,
Tout dise : Ils ont aimé !

Alphonse de Lamartine - Les Méditations poétiques

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Você faz sexo todo dia? Você faz sexo muitas vezes por semana? Quer saber qual deve ser o ideal?
Então copie o endereço abaixo e cole no seu navegador para ler matéria séria sobre o assunto.

https://br.vida-estilo.yahoo.com/post/133787605915/a-felicidade-e-a-frequ%C3%AAncia-das-rela%C3%A7%C3%B5es-sexuais