domingo, 25 de novembro de 2012

DE IGARATÁ A JACAREÍ parte I


                Hoje é sábado, 24 de novembro, puxa vida! Falta um mês para o natal! Ontem passei o dia em Santa Isabel, resolvi algumas coisas, encaminhei outras, dormi aqui em Igaratá e agora vou para Jacareí, pegar um ônibus para o Rio. Mostro meu documento para o cobrador e me sento no banco atrás do motorista. Uma senhorinha, que aparenta ter mais primaveras do que eu e alguns outonos de gorjeta, sai do banco do outro lado e vem sentar-se atrás de mim. O ônibus já está se movendo e o motorista revela preocupação com ela, tem receio de que venha cair e se machucar. Por isso, toma cuidado com o que faz e diz a ela:
                − Cuidado! Vá com calma, segure bem!
                Ela assegura que não há problema e eu a observo melhor. Tem boa aparência, magra e seus movimentos são tranqüilos, calculados, embora já revelem a falta de força própria da nossa idade. O ônibus já roda na rodovia D. Pedro e mais passageiros entram. Entra uma morena jovem e bonita, simpática, que inicia conversa com o motorista e o cobrador. Isso é cidade pequena, típica do interior. As pessoas se conhecem, conversam. Ela pede notícias da esposa do motorista. Eu me alegro por estar entre gente tão simples, tão humana. A moça sorri, um riso largo e bonito, belos dentes. Eu fico mais alegre ainda, porque aquele sorriso irradia confiança na vida, esperança por dias melhores. Entra mais uma senhorinha, outra coetânea minha, brincam com ela, a conversa fica mais animada, todos se conhecem. Ninguém me vê. Que bom poder viver assim. Recordo o poeta espanhol que dizia isto lá pelo século XVII: “As pessoas na grande cidade sentam-se juntas para se desconhecerem (quer dizer: não conversam) e falam com palavras vestidas de silêncio (falam, mas vazias, não se comunicam)”. (Continua amanhã)

A foto do por de sol é do meu sítio em Santa Isabel.

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