sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

EXISTE AMOR PERFEITO?

AMOR

Amor perfeito? Só se for na forma de flor.
Amor perfeito não existe, é pura utopia,
mas não ter qualquer amor é mais triste.
Qualquer forma de amor é sempre uma grande alegria.

Leia alguns poemas meus no site

http://www.agbook.com.br/book/188781--POESIA_NOSSA_DE_CADA_DIA

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

AMIZADE, VINHO E SAPATO

CANTIGA SINTÉTICA

Sapato venho e vinho antigo
são sempre bons, não são?
Assim também com nosso amigo
e nosso amor.
Faz muita falta seu peito amigo!

sábado, 10 de dezembro de 2016

APAIXONADOS SÓ PERCEBEM A BELEZA

ENAMORADO


A qualquer aquarela
prefiro os olhos dela
na moldura da janela.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

VOLTANDO AO BOCA DO INFERNO

Em 3 de agosto postei um poema satírico de Gregório de matos e terminei com assim:
 "Usei muito esse poema em palestras e aulas, mas a versão que declamo é um pouco diferente, vou relembrar e colocar outro dia e também contarei um episódio hilário que ocorreu numa palestra para professores do Paraná em Faxinal do Céu,na Universidade de Professores"

Costumo me lembrar do poema desse modo:

Ele é como o sino, tem badalo,
como o pepino, tem sementes,
como o pau de tambor, bate o couro lindamente.
Ele é como fuinha, gosta de cavar as estradas,
e se elas estão tapadas, é com focinhadas
que ele dá de pelejar.

Ele nasceu por entre as pernas,
por isso só nas cavernas
gosta de ter a cabeça.
Como cascavel de Assor,
de carne crua se mantém,
mas nunca lhe ouvirás dizer,
que dessa carne falta tem
e apesar de tão esfaimado
dá leite como um danado
a quem o quiser ordenhar.

 Esse, senhora, a quem sigo 
de tão raras condições é . . . (Certa feita, fui convidado para fazer uma palestra sobre nossa literatura desde a origem até a Semana de Arte Moderna em 1922. Viajei para Curitiba, de lá vieram de carro me pegar e transportar para Faxinal do Céu, onde ficava a Universidade do Professor, hoje extinta. O lugar era lindo, havia um teatro com 500 lugares aproximadamente e como o grupo era de aproximadamente mil professores, eu me apresentaria para uma turma no período da manhã e para outra no período da tarde. A palestra duraria duas horas e meia. Quando o responsável pela minha contratação me entregou o microfone para subir ao palco e iniciar a palestra, disse-me:
- Não pode falar em política,  em sexo, nem dizer palavrão.

Fiquei pasmo, mas não tinha tempo para questionar nada, subi os degraus em estado de choque, porque não tivera tempo para conversar com ele e aquelas eram suas primeiras palavras dirigidas a mim. Fiquei irritado, mas o prazer de falar a tanta gente e todos da minha classe, afastou aquele sentimento ruim e logo eu estava rindo e brincando com as pessoas, fazendo-as rir também. Quando cheguei no século XVII, pensei "vai ser agora, quero só ver como esse cara vai reagir". Passei rapidamente pela prosa de Vieira e fui logo para o satírico Gregório de Matos já com as melhores das intenções. O público já me dera provas de gostar de malícia e rira muito de minhas insinuações. Por isso escolhi esse poema que postei acima, até este trecho:

 Esse, senhora, a quem sigo 
de tão raras condições é . . . (Parei e falei para o público "senhores não posso continuar, porque agora vem palavrão" e olhei para o coordenador lá embaixo, rindo maliciosamente. Os meus ouvintes se puseram a gritar: "fala, fala!" com insistência. Um professor de meia idade levantou-se e ficou no corredor dando pulos e batendo palmas pedindo para eu continuar. Insisti já pronto para retomar o poema:
- Olha que eu falo!
Aí a gritaria cresceu e eu fiz sinal para que parassem que eu iria falar. Fez-se um silêncio que dava para ouvir a respiração ofegante de alguns deles e eu elevei o tom de voz dizendo:

"Esse, senhora, a quem sigo 
de tão raras condições é . . . o caralho de culhões,
das mulheres muito amigo, se pegais na mão, 
vos digo, que haveis de achá-lo sorumbático e mudo (balancei o braço para baixo, relaxado)
mas há de colocar-se a vosso serviço com tudo
(Levantei o braço, duro, para cima, como se desse uma banana)
Eles batiam palmas, gritavam, riam muito e alto. Precisei de alguns minutos para conseguir retomar a palestra.
Quando terminei, era hora do almoço, fomos todos para o restaurante e o coordenador fez questão de me acompanhar o tempo todo. Esperei o momento em que ele me daria a bronca previsível. Mas ele parecia hesitante e só depois do café, quando todos se afastaram e ficamos a sós, ele pareceu ganhar coragem e me disse inesperadamente:
- À tarde, faça igual.

POSTAGEM ANTIGA

domingo, 6 de novembro de 2016

RICARDO REIS, HETERÔNIMO DE FERNANDO PESSOA

Ricardo Reis criou essa ode:

Para ser grande, sê inteiro: nada
          teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
          no mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
          brilha, porque alta vive.

* Viva assim e não terás do que te arrepender quando chegar o último dia.
* Heterônimo é um termo inventado por Fernando Pessoa para designar seus personagens poetas, já que não eram como pseudônimos. "Pseudônimo é quando um poeta escreve como ele mesmo e assina como se fosse outra pessoa. Eu não, quando escrevo assino, mas quando outros escrevem através de mim, eles assinam." As palavras e o jeito talvez não tenha sido exatamente assim, mas ele justificou-se dessa maneira.
Ode é um poema lírico. O termo de origem no grega “odés” significa “canto”. Na Grécia Antiga, era um poema sobre tema sublime composto para ser cantado.

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

A MORTE DE INÊS DE CASTRO

A MORTE DE INÊS DE CASTRO



Tu só, tu, puro amor, com força crua
Que os corações humanos tanto obriga, 
Deste causa à molesta morte sua, 
Como se fora pérfida inimiga. 
Se dizem, fero Amor, que a sede tua 
Nem com lágrimas tristes se mitiga
É porque queres, áspero e tirano, 
Tuas aras banhar em sangue humano.


Em minha peça, para facilitar o entendimento, veja o que fiz:
Tu só, tu, puro amor, com força crua, 
que os corações humanos tanto obriga, 
deste causa à desumana morte sua, 
como se fora traiçoeira inimiga. 
Se dizem, cruel Amor, que a sede tua 
nem com lágrimas tristes se suaviza,
é porque queres, áspero e tirano, 
teus altares banhar em sangue humano.

Assim, mantive a a estrutura, mas simplifiquei o vocabulário de modo que plateia entenda com facilidade.

ENDECHA

AMIZADE

Amigos na vida, coisa linda e rara.
Amigo falso, dá logo na cara.

Amigo que forçado nos deixa
merece uma endecha
dessas muito triste.

Vendedor amigo . . .
Ah! Isso não existe.


* Endecha é um tipo de composição poética de assunto muito triste, melancólico. Quando à forma, é composta por estrofes de quatro versos redondilhos menores, ou seja, versos de cinco "pés" ou sílabas poéticas.

sábado, 29 de outubro de 2016

I LOVE YOU

PARA DIZER TE AMO



Em frenesi, sou bem-te-vi
atrás de ti; wait for me.

Sei que pra mim és colibri,
se me quiseres; let it be.

Eu deixo tudo, fico até nu,
só pra dizer: Y love You!


p.41 do livro > > >

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

ANALISAR é com "s" ou com "z"?

Fácil verificar, analisar vem de análise, que se escreve com "s", logo o verbo derivado também assim se registra: analisar. Agora, finalizar se escreve com "z" porque deriva de final, que não apresenta "z",  que surge por fazer parte do sufixo "izar" que lhe é acrescentado. Outros casos: aval, avalizar; carnaval, carnavalizar; total, totalizar; radical, radicalizar. Como você escreveria TERCEIRI?AR? Claro, com "Z"!

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

VISITANTES DO MEU BLOG NOS ESTADOS UNIDOS

 Vejam isso:

Nos últimos 30 dias, as visitas registradas do Brasil e dos Estados Unidos são:
Estados Unidos
4566
Brasil
359

Para mim isso é um mistério que só os visitantes talvez possam me explicar e eu estou muito curioso para saber. Por favor, visitantes dos Estados Unidos, deixem recado dizendo o que procuraram e se encontraram. Obrigado

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

CANDIDATO, significado importante.

Bom dia, bon jour, good morning.

Dia inspirado, estava fazendo uma pesquisa sobre "vale a pena" e descobri algo que me emocionou muito. Veja o que encontrei no site http://www.dicionarioetimologico.com.br/ 

Candidato - Origem da palavra candidato

É uma palavra que, desgastada pelo uso, traz em si uma verdade que vale a pena recuperar. Vem do latim candidatus, isto é, vestido de branco (candidus). vem de cândido (= sem mancha), porque os candidatos tinham que apresentar uma vida imaculada. Na antiguidade, aquele que disputava um cargo público e precisava angariar votos vestia-se de branco para simbolizar sua pureza. É lógico, portanto, que exijamos de um candidato ou candidata que a sua vida, e não apenas as suas roupas, estejam limpas!
Foi um acaso, apareceu sem que eu procurasse, então tomei como meu dever divulgar e propor, vamos apoiar e lutar pela ficha limpa. 
Obrigado pela visita vocês de Angola, Trinidad Tobago, Venezuela, Itália e claro, dos Estado Unidos, que vieram às centenas todos os dias. Forte abraço. Agora há pouco entrou um visitante da Letônia, aleluia!

domingo, 2 de outubro de 2016

MA MÈRE, elegie

Minha amiga Pitucha revisou e o texto corrigido ficou melhor. Para quem manja francês. Se não sabe francês, pula e vê lá embaixo o texto em português.


ÉLÉGIE À MA MÈRE

Où allez vous ma mère?
‘Je m’en vais, mais je serai de retour bientôt.
Je vais faire une injection à une femme malade.”

Ma mère s’est allée vers la obscurité.
Et moi, un petit garçon, je suis resté seul à la maison.

Une autre nuite, une autre lune,
mais toujours la même histoire.
Et voilà elle qui s’en va vers la rue.

Où allez vous ma mère?
“Je vais là-bas, mais je reviendrai bientôt.
Je vais seulement offrir ces fleurs a un ange.”

Je voyais son ombre
disparaître doucement à travers la porte.
Et voilà ma petite mère qui s’en va.
Elle va embellir un enfant mort.

Et moi, seul dans la maison,
visage contre le mur,
je me mettais a pleurer.
Une autre semaine, un autre mois,
et la histoire se prolonge.

En aidant les plus nécessiteux,
elle fait face à la nuite nue.
Mes frères et soeurs de divers âges
Ils me font de la compagnie.

Les années se sont ainsi succédés
et elle continuait sa mission
malgré la vieillesse, qui devenait proche.
Mais, comme toujours, dans la fiction ou dans la vie,
Le temps passe et les choses changent.
Ma mère est tombée malade et
contrainte de rester attachée sur son lit.

Maman, ne nous abandonne pas,
ne nous laisse seuls comme ça!


“Je suis désolée, mes enfants, mais c’est la vie
qu’un jour arrive a son terme.
Je pars au loin et je ne reviendrai jamais.
J’ai dèjà fait tout ce que je devrais faire.
Je serai en paix.
Alors, ne pleurez pas, mais chantent doucement
une belle chanson pour moi.
Rien de triste pour ce mon dernier jour.
Chantez la chanson de Milton Nascimento

qui dit ‘Maria Maria’.

ELEGIA

Aonde vais minha mãe?
Vou ali e volto já,
Vou aplicar uma injeção
Numa senhora doente.

Sai minha mãe para o escuro
E eu menino em casa sozinho.

Outra noite, outra lua,
Mas é a mesma história;
Lá vai minha mãe para a rua.

Aonde vais minha mãe?
Vou ali, mas volto logo,
Só vou por essas flores num anjo.
Eu via sua sombra
Passando leve pela porta.
Lá ia minha mãezinha
Enfeitar uma criança morta.

E eu de cara na parece
Chorava em casa sozinho.
Outra semana, outro mês
E a história continua.

Ajudando os necessitados
Ela enfrenta a noite nua.
Os filhos de várias idades
Não se fazem companhia.

Os anos assim se passaram
Sem que nada nadinha mudasse,
Nem mesmo com a velhice
Que próxima se fazia.
Mas como sempre acontece
Na ficção ou na vida,
Um dia a coisa muda
E minha mãe adoeceu
Caindo feio na cama.

Mamãe, não nos abandone tanto,
Não nos deixe sozinhos assim!

“Sinto muito, filhos, é a vida
Que um dia chega ao fim.
Eu vou longe e não volto mais.
Fiz tudo o que devia, vou ficar em paz.
Por isso, não chorem, mas cantem baixinho
Uma linda canção para mim.
Nada de triste lamento no meu derradeiro dia,
Cante do Milton Nascimento aquela Maria Maria.”







OLAVO BILAC, uma breve biografia





                Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac, o poeta das estrelas, nasceu no Rio de Janeiro em 1865. Iniciou estudos de Medicina e Direito, mas não chegou a concluir nenhum dos cursos. Dedicou-se ao jornalismo e à literatura. Em 1888, publicou sua obra Poesias que continha Panóplias, Via Láctea, Sarças de Fogo.
                Foi um dos fundadores da ABL (Academia Brasileira de Letras) e ocupou o cargo de inspetor escolar a partir do governo de Campos Sales.
                Dotado de grande espírito cívico e patriótico, escreveu a letra do Hino da Bandeira e participou com entusiasmo de vários movimentos da época como a campanha para o Serviço Militar Obrigatório (1915).
                Em 1907, foi eleito “Príncipe dos Poetas Brasileiros” em pesquisa pública realizada pela revista Fon Fon.

                Morreu em 1918, não chegando a publicar os sonetos do livro Tarde, que ele vinha pacientemente aperfeiçoando. Escreveu ainda O Caçador de esmeralda.  Se você quer conhecer os poemas desses livros há uma boa publicação da Ediouro, POESIAS, com todos esses trabalhos de Bilac. Contém ainda um pósfacio de R. Magalhães Júnior.

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

A PRESSA É INIMIGA DA PERFEIÇÃO

Hoje estava fazendo pesquisa no Youtube de deparei com um curta que protagonizei quando ainda morava em Igaratá no interior de São Paulo. Fui convidado a fazer o roteiro com base na adaptação de um conto, mas no dia da filmagem o casal de atores que desempenhariam os papéis principais simplesmente faltaram. Não deram as caras. Para que fosse possível fazer alguma coisa, em clima de urgência precisei mudar tudo, forçando a barra, para dois homens, porque havia dois jovens e eu e outro colega de idades próximas que poderiam interpretar esses personagens na fase adulta. Revendo agora, achei horrível, muito falho. No entanto, vale como exemplo de que tudo apressado só pode ficar bom com muitíssima sorte. Esse é o endereço:
VEJA O CURTA e curta se puder.

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

AGRADECIMENTO AOS VISITANTES DESSE BLOG

Já fiz uns versos no passado
agradecendo visitantes estrangeiros.
Não é papo furado
Há quem me veja lá no exterior.
Depois de todos aqueles de quem falei
Apareceram mais dez  países.


Pode parecer falácia ou falésia,
Brincadeira só para rimar,
Tive visita da Indonésia.
Minha alma se emocionou
E voltou a ser menina
Com a visita da Argentina.
Agora me curvo e faço vênia
Para a gentil visita da Romênia.

Não quero parecer frajola,
A quem por aqui anda;
Camboja, México e Angola,
Guatemala, França e Holanda.
E há pouco um japonês
Entrou pela primeira vez.

E agora um tanto emocionado;
Digo a todos: MUITO OBRIGADO;
Gracias, thanks, dank u, merci,
Grazie, arigatô, terima kazih,

Xiéxié, logo vou servir café.

Veja o primeiro agradecimento

GUIMARÃES ROSA para refletir

Hoje, estive relendo, ao acaso, o Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa e encontrei essa pérola que me passou despercebida anteriormente:

"Vida devia de ser como na sala do teatro, cada um inteiro fazendo com forte gosto seu papel, desempenho. Era o que eu acho, é o que eu achava."

sábado, 10 de setembro de 2016

Aaraletras na Soapras, sociedade que reúne amigos da Praia Seca.

Oba! Hoje foi dia de muita alegria.
A turma se reuniu na Praia Seca,
para ouvir música e poesia.
Foi a maior empolgação.
Convidados e a turma da Academia
com muito amor no coração
e vontade de colaborar.

Vieram a Jane, Dr Cid com a esposa
e o Cid pai não iria faltar,
claro que declamou e emocionou.
Vieram também Jorge, Hilton, Ricardo,
com José Hélito, Jomar e até Jesus
esteve conosco.
Tantos outros que nem vou falar.













quinta-feira, 8 de setembro de 2016

O QUE AMO EM TI, poema meu no Youtube.

Alguém gostou de um poema meu e o extraiu do livro MEU CADERNO DE POESIA e transformou em um vídeo, acrescentando imagens e música. Fico feliz quando veja que gostam do que faço. Apenas gostaria que não tivesse ficado muito lendo, veja o vídeo e diga se  não tenho razão: clique
aqui O QUE AMO EM TI


terça-feira, 6 de setembro de 2016

DECLARAÇÃO EM DEGRADÊ



O tempo que fico sem te ver
Só aumenta minha vontade
De te beijar e morder.
Agora eu vou dizer;
Com todo carinho,
Sou todo seu:
Amorzinho!
Tesouro
Meu!



domingo, 4 de setembro de 2016

IMAGEM DE AMOR E MORTE

Na vela a visão
da coluna branca
solitária
da frieza triste
indiferente
morte passível
irreversível.

Na vela a visão
da chama trêmula
laranja ardente
calor ardendo
ação, movimento,
amor possível.

sábado, 3 de setembro de 2016

EDITORA NAVEGAR PUBLICA FUVEST

A Editora Navegar publicou e está distribuindo a partir desta semana o livro:

Comuniquem aos conhecidos que vão prestar vestibular.

terça-feira, 30 de agosto de 2016

AUTOPSICOBIOGRAFIA

AUTOPSICOBIOGRAFIA

Minha poesia é simples como a chuva,
sem regra predeterminada,
ora fina, leve, delicada
ora grossa, bruta, ignara.
Pode até ser regular, distribuída,
mas à força dos ventos ou da ventura
de natureza tão misteriosa.

Minha palavra é simples, correntia
como a vida pobre do operário
que sempre fui.
Bocage segue ao lado de Agapito:
avô distante de vaga memória.
No mar revolto em perdido lenho,
levo comigo Camões e José Chacon:
meu pai, pedreiro inculto.
Além dessa vida difícil e dura
que mais tenho, que possa dizer?

Amor à vida e um pouco de leitura.

* O título foi inspirado no AUTOPSICOGRAFIA, famoso poema de Fernando Pessoa, que no primeiro verso diz que "O poeta é um fingidor".



quarta-feira, 24 de agosto de 2016

THIAGO DE MELLO

Estou com 70 anos, farei 71 daqui a alguns dias. Sinto-me já fazendo horas extras, serão. Claro que, em função disto, vez e outra penso no fim e hoje encontrei um poema que copiei quando ainda não tinha tal preocupação.



POEMA PERTO DO FIM

 

 

A morte é indolor.

O que dói nela é o nada

que a vida faz do amor.

Sopro a flauta encantada

e não dá nenhum som.

Levo uma pena leve

de não ter sido bom.

E no coração, neve.


Thiago de Mello




Amadeu Thiago de Mello (Barreirinha, 30 de março de 1926) é um poeta e tradutor que
nasceu no Estado do Amazonas. Poeta mais influente, respeitado, verdadeiro um ícone da literatura regional. Suas obras já foram traduzidas para mais de trinta idiomas. Foi preso pela ditadura (1964-1985), tendo se exilado no Chile, onde conheceu o poeta Pablo Neruda, tornando-se amigos e colaboradores mútuos. Um traduziu a obra do outro e Neruda escreveu alguns ensaios sobre o amigo.
Ainda nesse período de exílio, morou na ArgentinaChilePortugalFrançaAlemanha. Quando terminou o regime militar, voltou à sua cidade natal,Barreirinha, onde vive até hoje.
Em homenagem aos seus 80 anos, em 2006, foi lançado o CD comemorativo A Criação do Mundo, contendo poemas que ele produziu nos últimos 55 anos, declamados por ele próprio e musicados por Gaudêncio, seu irmão .