domingo, 24 de junho de 2018

BUNDA VEM DO GREGO OU DO LATIM?

 Nem de um nem de outro.
Na época da escravidão, os portugueses compraram escravos angolanos e cabo-verdianos que eram povos bantos ou bundos, e falavam o idioma ambundo ou quimbundo. Por isso, o escravo era chamado também de kibundo e a escrava de kibunda. Como as mulheres tinham nádegas grandes, volumosas, imagino os portugueses admirados exclamarem quando passava uma delas rebolando: “Vejam kibunda”. Escrito, é uma coisa, mas só falado, isso muda de figura; vejam só:

- Que bunda!

Dessa maneira, com o tempo, a palavra bunda, que antes designava mulheres de um povo, passou a designar apenas uma parte delas; as nádegas.

sábado, 23 de junho de 2018

O IMPROVISO DO PALHAÇO

Para quem não viu e deseja ver o vídeo eliminado do youtube, veja nesse endereço Improviso do palhaço

quinta-feira, 14 de junho de 2018

AOS POETAS DA REGIÃO DOS LAGOS e de todas as águas brasileiras










         (foto do amigo Hélio Borges)

O ASSINALADO

Tu és o louco da imortal loucura;
O louco da loucura mais suprema.
A terra é sempre a tua negra algema,
Prende-te nela a extrema desventura.


Mas essa mesma algema de amargura,
Mas essa mesma desventura extrema;
Faz que tu’alma suplicando gema
E rebente em estrelas de ternura.


Tu és o poeta, o grande assinalado;
Que povoas o mundo despovoado
De belezas eternas, pouco a pouco.


Na natureza prodigiosa e rica,
Toda a audácia dos nervos justifica,
Os teus espasmos imortais de louco!

                                                                                                      Cruz e Sousa


quarta-feira, 13 de junho de 2018

ALBERTO CAEIRO heterônimo de Fernando Pessoa


Não me importo com rimas. Raras vezes
Há duas árvores iguais, uma ao lado da outra.
Penso e escrevo como as flores têm cor
Mas com menos perfeição no meu modo de exprimir-me
Porque me falta a simplicidade divina
De ser todo só o meu exterior.

Olho e comovo-me,
Comovo-me como a água corre quando o chão é inclinado,
E a minha poesia é natural como o levantar-se o vento...

Comentário: Poema metalinguístico de Caeiro, já que trata da própria atividade de escrever, do seu estilo de composição. Justifica seu verso livre, sem preocupação com rima ou métrica, não por proposta modernista, mas como resultado de sua postura natural perante a vida e a natureza. Seus versos são livres e diferentes entre si,
assim como as árvores também são distintas uma das outras. Fernando Pessoa em cartas e anotações explica algumas coisas que foi descobrindo, enquanto escrevia para Alberto Caeiro. Por exemplo, Caeiro era doente dos pulmões, por isso, dos heterônimos foi o que morreu mais moço.