sábado, 27 de setembro de 2014

PORQUE e POR QUE, junto ou separado?

Você costuma ter dúvidas ao escrever "porque"? Sem muita teoria, guarde a seguinte informação; toda vez que escrever uma pergunta, escreva separadamente: "Por que você sempre me aborrece?".
Já ao registrar uma resposta, uma afirmação, coloque um termo só: "Aborreço porque você é muito chato!" "Eu digo sempre a verdade, porque mentir dá muito trabalho."

Veja que em "Esse é o ideal por que luto" ou ainda em "Nunca esqueci os problemas por que passei" não se trata de pergunta e resposta, mas outra situação. Sem usar gramatiquês, pense essas frases como se fossem assim: "Esse é o ideal pelo qual luto" e "Nunca esqueci os problemas pelos quais passei", logo precisa ficar separado "por que" porque se trata de duas palavras, independentes. Ajudou?

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

ANTÍTESE E PARADOXO

Um amigo pediu-me para explicar a diferença entre essas duas figuras de linguagem, mas nem vou dizer nada, para ele e quem mais precisar dessa informação vou remeter diretamente para quem já fez isso: http://www.estudopratico.com.br/diferenca-entre-antitese-e-paradoxo/

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

ALITERAÇÃO

Pediram-me para explicar o que é aliteração, pois aí vai. Aliteração é uma figura de linguagem que enriquece o texto. É muito empregada pelos poetas e pelos compositores da MPB que conhecem bem a nossa língua. Consiste na repetição proposital de fonemas (sons) consonantais, veja esses exemplos:

Pedro pedreiro penseiro. Toda gente homenageia Januária na janela. (Chico Buarque)
Não importa a letra (grafia) como g/j ou c/ç/ss, mas apenas a sonoridade idêntica.

Vida, vento, vela, leva-me daqui... (creio que é de Belchior)


A frouxa luz da alabastrina lâmpada

Lambe voluptuosa os teus contornos... (Castro Alves) 

O poeta dos escravos foi muito feliz ao empregar essa aliteração, conferindo grande sensualidade, como que projetando sobre a luz da lâmpada o desejo do amante de lamber todas as curvas da mulher amada.


Troe e retroe a trompa. (Gonçalves Dias)



Em um poema procurei fazer uso desse recurso:

               AMADOR


A ponte aponta um ponto no horizonte.

Aponte o meu coração,
aperte o gatilho,
pouse em meu quarto;
parto de amor não dói.





segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Ray Charles tocando sax

http://www.jazzonthetube.com/videos/ray-charles/alto-instrumental.html

Sempre ouvi Ray Charles cantar, essa foi a primeira vez que encontrei um vídeo com ele fazendo música instrumental. Veja.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

ALMEIDA GARRETT e Viagens na minha terra

O livro VIAGENS NA MINHA TERRA, de Garrett, foi um marco importante para o Romantismo tanto em Portugal quanto no Brasil, por ter rompido com os padrões da literatura tradicional, criando uma nova maneira de compor o texto e dialogar com seu leitor. Embora não tenha encontrado em Machado de Assis uma confissão clara, vejo nele muita influência do escritor lusitano. Procure ler a obra integral e para aguçar seu desejo vou traçar em poucas linhas do que se trata. Note, não é um romance, mas o relato crítico de uma viagem e de um tempo, onde se insere uma narrativa novelesca que se encaixa no quadro geral com perfeição.

RESUMO DO ENREDO

Conta, o narrador, uma viagem que faz de Lisboa a Santarém e uma história, “A menina dos rouxinóis”, que aconteceu no vale de Santarém. Inicialmente aparece uma velha cega, assistida pela neta, Joaninha. Em seguida, sabemos que há um misterioso frei Dinis, que frequenta a casa delas, toda sexta-feira. Então, quase simultaneamente, descobrimos que há um neto, Carlos, ausente. Os pais de ambos já morreram, estão os dois órfãos de pais e mães.
Depois, ficamos sabendo que o frei, era um frequentador da casa e amante da filha de dona Francisca, em quem gerou um filho. O marido traído e o cunhado armaram uma cilada para o amante, mas foram mortos por ele, que arrependido entra para a ordem dos franciscanos. A adúltera ouve do amante a revelação da trágica morte do marido e não o perdoa, chorando até a morte, que se dá por ocasião do nascimento da criança: Carlos, que cresce sob os cuidados da avó, até quando descobre parte da história e se vai de casa. Quando é ferido nos combates entre liberais e miguelistas, Carlos fica sabendo toda a verdade e mais uma vez foge. Joaninha, que nesses capítulos finais, descobre os outros amores de seu primo, enlouquece e morre. 

domingo, 14 de setembro de 2014

Janis Joplin no Brasil




MIM TARZAN

      Não, não fumo mais. Não. Nem um, nem outro. Parei de fumar faz tempo. Foi também quando decidi nunca mais falar inglês. Foi na mesma época. Foi por causa de uma mulher. Muito louca. Devia ter bebido todas. Eu estava na praia, na praia, é, lá no Rio. A moça foi chegando, sorrindo, maliciosa e com voz rouca, falando gringo, perguntou pediu se eu não tinha um. Falei emburrado que tinha, mas tava guardando pra fumar depois, quando fosse dormir. Ela não se deu por satisfeita, não foi embora, pelo contrário, chegou junto, encostou, passou o braço por cima do meu ombro e me deu uma mordiscada na orelha. Riu. E rindo disse que o meu inglês era ruim que nem meu coração. Em seguida, me deu o maior chupão no pescoço e enfiou a outra mão por dentro da camisa e encheu a mão com meus pelos. Falou que meu coração era frio, mas meu peito era quente. Falou que queria muito dar um bola, mas já que não havia jeito, então ia fazer outra coisa, e foi levando a mão por dentro do meu calção e catou meu pênis que já tava meio mastro. Eu fiquei quieto só pra ver até onde ela ia chegar. Ela envolveu com a mão e senti meu sexo pulsar dentro da mão dela e começou a inchar mais rápido. Ela riu muito e disse que ele era big e tava mais quente que meu peito. Ela puxou com força o calção para baixo e deitou-se no meu colo, cobrindo meu sexo de beijos e lambidas. Disse qualquer coisa que eu não consegui entender e encheu a boca com ele, ficou chupando não sei dizer quanto tempo e eu fazendo uma força danada pra não gozar logo, queria ficar sentindo aquilo mais tempo. Tava muuiiito bom. Acho que ela sentiu que eu ia gozar e parou. Parou seco e com uma das mãos, usando apenas o polegar e o indicador, ela enforcou meu brinquedo preferido abaixo da glande, é, da cabeça. Ficou apertando e a vontade de gozar passou. Acho que se ela não fizesse isso eu iria gozar, mesmo depois de ela ter parado.
      Ah! Foiii .. pera aí, deixa eu ver, tenho 63 anos, naquele ano eu estava com dezoito, então foi em 1970. Não, a praia não estava toda deserta. Praia no Rio, em tempo de carnaval, é difícil ficar deserta, mas passava gente longe e nem prestava atenção em nós. Acho que muita gente estava nas brincadeiras e folias. Deixa eu terminar.
      Eu já tinha deixado cair todo meu aborrecimento, estava desarmado, relaxado, quer dizer, quase, porque o tesão tava a mil e aí não se fica muito relaxado não, mas não estava mais irritado por ela ter vindo me tirar do meu sossego. Queria que ela continuasse. E ela continuou. Vendo que eu já estava mudado, porque minha mão já estava alisando as costas dela, ela levantou e começou a me beijar. Beijamo-nos muito tempo e eu passei a mão pelos peitos delas. Descarada que só ela, não ligava para nada. Chegou uma hora lá que ela arrancou meu calção e atirou pro lado. Parece-me que ela xingou qualquer coisa, em inglês, empurrou meu peito me deitando, depois deu uma cusparada na mão, espalhou pelo meu sexo e sentou nele com tudo. Aí, ficou brincando de cavalinho, subindo e descendo, mas não depressa, devagar, e dizia qualquer coisa como hot, big, e gemia. Depois, deixou-se pesar sobre meu corpo e passou a fazer movimentos esfregando-se em mim, para frente, para trás, para frente e para trás. Ficou assim um tempão, depois continuou mas fazendo movimento de um lado para o outro, aí levantava e abaixava e variava os movimentos. Chegou uma hora que a respiração dela mudou, ficou alterada, então ela se deitou toda em cima de mim, ficou me beijando. Senti que ela esticou e juntou as pernas apertando uma contra a outra, apertava e relaxava, e de novo, gemendo, e ficou fazendo assim até que gozou. Gritou e eu fiquei preocupado, foi, aí só é que eu pensei no que tava fazendo. Alguém podia aparecer e sei lá, podia ser linchado, pô, mas ela tinha gozado e eu não. Não podia deixar barato, nada disso, virei de modo que ela rolou na areia e do mesmo jeito que ela tava, eu só dei um balanço assim, ó, de modo que ela ficou deitada de lado na areia, de costas para mim, então foi só eu encostar naquela bundinha dela, penetrar fácil porque estava toda molhada mesmo, e aí fui eu que fiquei no vaievem até gozar. Dei uma mordida na nuca dela quando gozei e ela dizia bom, bom, muito bom.
      Ficamos muito tempo deitados, um ao lado do outro, olhando as estrelas. Eu acariciava o rosto dela e percebia uma porção de espinhas, isso, acne. Nome fresco e chique pra espinha. Para mim, não tem jeito, é espinha mesmo e pronto. Por todos os lados, então, eu ouvia som das músicas de carnaval. Antes eu não estava ouvindo nada. Ah, sim, antes dela aparecer eu ouvia, estava curtindo. Gosto de ficar isolado, prestando atenção nos sons, na mistura deles, música, gritos, rojões, buzinas. Essa agitação parece vida e até pode ser, mas pode ser ilusão. No meio dessa alegria, há bastante tristeza esprimida. Então, acabou besta, bestamente, teve uma hora lá que ela sentou, ficou triste, chorou um pouco. Eu pensei logo, vai me pedir dinheiro, aposto. Mas não, entendi mais ou menos que ela tinha sido expulsa do hotel e ia dormir num quartinho de um cara, acho que amigo, tinha oferecido. Eu não podia fazer nada, se levasse para minha casa, meus pais me matavam. Então, como eu não falava nada, ela disse que tinha que ir e ao se despedir me disse como se estivesse tentando falar português, ou... sei lá, sei que entendi ela dizer “mim Jane”. Não perdi a chance, respondi rápido para ela, em cima da pinta, “mim Tarzan”. 
      Depois que ela se foi é que eu vi como tinha sido burro e ingrato. Burro porque podia ter ido com ela, para saber onde ia ficar. Ingrato porque podia ter dado meu cigarrinho para ela, que tinha me dado tanto prazer. Uns três dias depois, por acaso, porque eu não leio jornal, peguei um jornal pra ler no meu barbeiro e vi uma notícia de cantora americana encrenqueira que tinha aprontado nas casas noturnas. Eu tinha transado com Janis Joplin.
Geraldo Chacon

sábado, 13 de setembro de 2014

AMOR E BELEZA

Quanto a arte da poesia se encontra com  a música e cria clima de magia, a alma suspira e voa. Poema do falecido Ivan Junqueira e a música de Denise Emmer. As imagens assim como a qualidade delas tiraram-me o fôlego.

http://youtu.be/9Vz8c6qSJE4

Antonico, de Ismael Silva - erros de gramática na MPB

    
    Antes de falar sobre a canção “Antonico” do compositor Ismael Silva, quero explicar a palavra viração e a ordem das palavras nas frases. Em um texto, tanto você pode empregar a ordem direta quanto indireta. Viração pode significar ajuda, uma força, colaboração, proteção. Por exemplo: O Nestor precisa de uma viração. Quer dizer, precisa de uma ajuda, de uma força. Quando dizemos algo, podemos fazer basicamente de duas maneiras. Exemplo: “Eu gosto de feijão com arroz” (essa é a ordem direta, mais natural, porque mais empregada) ou “de feijão com arroz eu gosto” (agora colocamos na ordem indireta). Outro exemplo: Fazer o recenseamento do país é necessário. (empregamos a ordem direta, agora vamos colocar na ordem indireta:) “É necessário fazer o recenseamento do país”. Quando usamos a ordem indireta, costumamos distrar-nos e cometer erros de concordância. Agora leia parte da letra e veja se nota o erro.
Ôh Antonico. Vou lhe pedir um favor
Que só depende da sua boa vontade
É necessário uma viração pro Nestor
Que está vivendo em grande dificuldade

        Essa canção é como que um bilhete que alguém está escrevendo para o amigo Antonico, pedindo-lhe uma ajuda para o amigo Nestor. Ele diz que: “é necessário uma viração pro Nestor” o correto seria dizer “é necessária uma viração pro Nestor”. Se dissermos, na ordem direta, que “uma viração é necessária”, fica mais evidente a forma correta. Alguma coisa é necessária, alguma ajuda é necessária. Sempre no feminino, necessária, concordando com o sujeito. Somente ficaria no masculino “necessário”, se o sujeito fosse masculino, como: “É necessário seu parecer”, ou, “É necessário seu comparecimento”.
     

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Biografia do autor de "Memórias de um Sargento de Milícias".

Curta a curta biografia de:
Manuel Antônio de Almeida



BIOGRAFIA

      Manuel Antônio de Almeida, filho de portugueses pobres, nasceu no Rio de Janeiro a 17 de novembro de 1831. Almeida ficou órfão de pai aos dez anos de idade, tendo conhecido bem a pequena classe média urbana carioca que mais tarde retrataria em seu único romance. Estudou no Colégio São Pedro de Alcântara e fez um curso de desenho da Escola de Belas Artes. Formou-se em medicina no ano de 1855. Para Sobreviver, Almeida desde cedo trabalhou no jornal o Correio Mercantil, ora como revisor ora como redator. Nesse mesmo periódico publicou as Memórias de um sargento de milícias, de 27 de junho de 1852 a 31 de julho de 1853. Almeida não assinou a obra, mas usou o pseudônimo “um brasileiro”. O autor ainda não tinha completado 22 anos. Em 1858, Almeida ingressou como administrador na Tipografia Nacional, onde trabalhava o aprendiz de tipógrafo Machado de Assis, na época com 19 anos. No ano seguinte, Almeida foi promovido a Segundo Oficial da Secretaria dos Negócios da Fazenda.
      Morreu num naufrágio a 28 de novembro de 1861, quando iniciava sua carreira política.

Somente após a morte, ficou consagrado por seu único romance: Memórias de um sargento de milícias, cuja publicação no século XIX não trazia o nome do autor. Posteriormente, a obra foi reeditada em dois volumes (1854-1855), com alterações na ordem dos capítulos e assinado por “Um Brasileiro”. Depois disso a obra caiu no esquecimento e só muito mais tarde, no período do Modernismo, passou a ser valorizada.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

JORGE AMADO

Uma curta biografia e lista de suas obras:

JORGE AMADO


Jorge Amado de Faria nasceu a 10 de agosto de 1912, na fazenda Auricídia (município de Itabuna Bahia). Seu pai era comerciante em Sergipe, mas chegou a possuir terras na região do cacau (sul da Bahia). Amado fez o curso primário em Ilhéus, onde passou a infância. Aos onze anos, transferiu-se para Salvador com a finalidade de realizar os estudos secundários em um colégio jesuíta, onde conheceu o padre Cabral, pessoa de capital importância na formação do escritor devido à sua erudição.
Em 1931 transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde posteriormente forma-se em Direito e inicia-se na política. Foi muito significativa sua militância na esquerda brasileira, vários de seus livros são dedicados a Luís Carlos Prestes, líder comunista brasileiro. Além de sua vivência nos centros urbanos, Jorge Amado viaja várias vezes pelo interior da Bahia e Sergipe e busca sempre transpor essa vivência e os conhecimentos aí adquiridos para sua produção literária como em: Cacau, Jubiabá, Mar Morto e Capitães de Areia.
Ainda no decênio de 30, conhece a América Latina e vê seus romances serem traduzidos para diversos idiomas. Entre 1936 e 37 ficou detido por opor-se ao Estado Novo, esteve exilado na Argentina de 1941 a 1943. Após a II Guerra, é eleito deputado pelo PCB, mas parte em exílio voluntário com o fechamento do partido. De 1948 a 1952 viaja pela Europa e Ásia. De volta à pátria, dá continuidade à produção literária, dando a esta o acento da ambientação regional, com um estilo menos polêmico e linguagem mais elaborada. Em 1959 é eleito para a Academia Brasileira de Letras. Faleceu em agosto de 2001. Sua obra prima foi, sem sombra de dúvida, Os Velhos Marinheiros, que contém duas excelentes novelas, dotadas de muito humor.

BIBLIOGRAFIA


Em matéria de romances publicou: O País do Carnaval (1931); Cacau (1933); Suor (1934); Jubiabá (1935); Mar Morto (1936); Capitães da Areia (1937); Terras do Sem-Fim (1942); São Jorge dos Ilhéus (1944); Seara Vermelha (1946); Os Subterrâneos da Liberdade (1952); Gabriela, Cravo e Canela (1958); Os Velhos Marinheiros (1961); Os Pastores da noite (1964); Dona flor e seus dois Maridos (1966); Tenda dos Milagres (1969); Teresa Batista Cansada de Guerra (1972); Tieta do Agreste (1977), Descoberta da América pelos turcos, além de teatro e poesia.

Para mim, sua melhor realização são as duas novelas que formam Velhos Marinheiros, que gravaram fundo em mim o Vasco Moscoso Aragão e o incrível Quincas Berro D'água. Inesquecíveis personagens, muito bem construídos. O seu último livro, Descoberta da América pelos turcos, agradou-me imensamente, embora não veja na obra uma grande construção artística. Mesmo assim, é um livro leve e agradável que sempre recomendo aos meus amigos.