sexta-feira, 27 de maio de 2016

VINICIUS NOS LÁBIOS DE MARIA BETANIA

Texto de Vinícius de Moraes, da peça Orfeu no Carnaval, declamado por Betania;

https://youtu.be/KUTiKPPDld4?list=PL62705A43F05C5536

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quinta-feira, 26 de maio de 2016

TROVINHAS POPULARES

À noite quando me deito,           Aqui tens a minha mão,       
eu rezo à Virgem  Maria             ajunta palma com palma.   
para sonhar toda  a noite            Domina o meu coração,    
com quem penso todo o dia.       toma posse de minha alma.

Note que todos os versos possuem 7 sílabas poéticas:
pa/ra/ so/nhar/ to/da  a/ noi/te (verso grave, termina com palavra paroxítona, conta apenas até a penúltima sílaba)
Do/mi/na o/ meu/ co/ra/ção/ (verso agudo,que termina com oxítona) contamos inclusive a última sílaba)
Quando uma palavra termina por vogal átona e a seguinte começa com vogal, ocorre a elisão, quer dizer, pronunciamos as duas como se fossem uma só.

Leia mais duas;

Chamaste-me tua vida,              Com pena pego na pena,
eu tua alma quero ser:               com pena quero escrever;
a vida acaba com a morte,         caiu-me a pena no chão 
a alma não pode morrer.            com pena de te não ver.   


Observe que, como as duas anteriores, os versos 2 e 4 sempre rimam, mas os versos ímpares não. Versos que não apresentam rimas são chamados "versos brancos".  


terça-feira, 24 de maio de 2016

SIGNIFICADOS DE Araruama, Piraguá, Paranaguá, Paquetá e Araraquara.

     Na toponímia (nome de lugares) encontramos muitos termos de origem tupi, o que demonstra que essa língua indígena foi muito falada por longo tempo em nosso país. Por exemplo, o termo KUÁ, que significa baía ou enseada, ou ainda, um recorte no litoral, acabou tendo seu som transformado em GUÁ e aparece em vários nomes como Piraguá. Pira é peixe, logo Piraguá é baía do peixe. Em Paranaguá encontramos paraná, que significa "semelhante ao mar", então, é uma enseada grande semelhante ao mar.

     Aproveitando, vejamos também Paquetá, em que etá quer dizer muito e paque, paca, então Paquetá devia ser um lugar em que as pacas eram abundantes. Vocês devem ter visto também muitos nomes com o final QUARA, que significa toca ou cova, então:
ARARAQUARA significa toca das araras;
PIRAQUARA quer dizer toca dos peixes e
URUBUQUARA é lugar que os urubus transformam em sua toca ou covil.

     Ouvi algumas pessoas me dizerem que Araruama quer dizer toca das araras, o que não é tão errado, mas é um pouco impróprio, como vimos acima (Araraquara). Agora se tomarmos como base de raciocínio o  termo PINDORAMA, bastante conhecido, que, como o termo inglês country, tem o significado abrangente de país, região ou terra, então veremos que Araruama significa região das araras ou terra das araras. O que vem ser praticamente a mesma coisa; aqui deveria existir uma grande quantidade de araras. . . no passado, é claro.
Lagoa de Araruama, no bairro Pernambuca.

domingo, 22 de maio de 2016

PAPO DE MULHER

PAPO DE MULHER   


− Ah! Joana, eu queria tanto ele para mim!
− Deixe de bobagem, Maria!
− Bobagem nada, você não imagina como eu gosto dele. Outro dia eu pedi para ele; “Dá você pra mim, dá?”
− E ele?
− Disse que não podia, que tinha compromisso, que antes de me conhecer já tinha se dado para outra.
− Quando vocês começaram, você sabia disso?
− Sabia, mas pensei que ele ia mudar.
− Bobona, ainda bem que ele não mudou de ideia.
− Tá maluca? É tudo que eu queria, ele só para mim, para eu cuidar dele, fazer comidinha pra ele.
− Só que aí, você ia ter também que aturar as coisas chatas dele.
− Como assim?
− Muita coisa que eu não sei dizer, que você nem pode imaginar, mas assim, tipo roncar muito de noite, ficar enchendo o saco durante o dia, trazer amigos pentelhos para dentro de sua casa, e muita coisa que a gente não imagina quando tá só namorando. Aí é só o bem-bom!
− Por falar nisso, ontem foi assim, muito bem bom, ele chegou correndo, dizendo que tinha que voltar logo, que a mulher tava esperando ele. Fiquei doidinha, menina. Fiquei com raiva dele e só de raiva arrastei ele pro quarto, joguei ele na cama, sentei bem em cima da arma dele, e fui abrindo a camisa dele, mordendo, abrindo, beijando, abrindo, até tirar ela. Depois, me esfregando sempre em cima da honra dele, arranquei minha blusa, meu sutiã, e perguntava irritada “tá com pressa?”, “diz pra mim, agora, que quer ir embora, diz!”. Aí, arranquei a bermuda dele e fui mordendo a barriga, enquanto tirava toda a minha roupa e ele quietinho, quentinho, com a arma endurecendo e eu me esfregando em cima.
− E ele?

− Ele não abriu a boca, ficou de bico calado, e eu continuei me esfregando e tirando tudo, então me curvei e aninhei o passarinho dele, já um gavião de grande, entre meus seios e enchi a barriga dele de beijos. Então ele me arrancou de cima dele e fez miséria comigo também. Foi muito louco, muito arretado. Gozamos ao mesmo tempo, juntinhos, como nunca tinha acontecido. Queria tanto que ele ficasse o tempo todo comigo!



− Pois é sua boba, aí então, nada disso acontecia mais. Só foi assim, porque vocês ficam sem se ver e quando se encontram vem esse fogo todo, se casar ou se juntar, o fogo vai ficar morno. Eu tive uma amiga que ficou dois anos reclamando na minha orelha que o amante não deixava a mulher, que arrumava um monte de desculpa e não queria ficar com ela. Aí eu me enchi e falei para ela que desse uma intimação pra ele. Fiquei quatro meses sem me encontrar com ela e quando a gente se encontrou de novo ela me contou que conseguira arrancar ele da outra, mas que com duas semanas não aguentou mais os roncos dele e as chatices dele, mandando ele de volta para outra, que não quis mais. Acho que ela percebeu o alívio que sentira sem ele durante aqueles dias. Ele está sozinho até hoje.
− Mas você com seu marido estão bem, que eu vejo. Ele é cavalheiro, abre a porta do carro pra você. Ninguém mais faz isso hoje em dia.
− Ah! Faz-me rir. Isso ele é fora de casa, para os outros verem. Para se exibir. Dentro de casa a novela é outra, o bicho arrota que parece um porco e peidar então! Nossa, cada peido alto e extravagante que me deixa broxa. Ontem, acordei, disse “bom dia” para ele, que em vez de me responder, o cretino, levantou os quadris e soltou um sonoro rojão de festa junina. Pior foi na semana passada, a gente começando a transar e ele soltou um desses peidos exagerados. Não aguentei, tirei fora e saí do quarto, enquanto ele ria como se aquilo fosse muito engraçado.
− É mesmo? Ah, mas com a gente vai ser diferente, eu tenho certeza, ele é um docinho.
− Docinho agora, mas depois pode virar um salgado gorduroso ou amargo, um jiló.

− Não faz mal, eu gosto de jiló, quiabo, diabo a quatro.
*

sexta-feira, 20 de maio de 2016

O QUE VOCÊ SABE DE DEUS?

Ledo Ivo assim se refere a Ele:


O GRÃO

Que cheiro tem Deus?
De um grão de trigo 
perdido no celeiro. 
Deus cheira ao pão 
partido pelos pobres 
e jamais ao não 
na boca dos ricos.

(do livro A NOITE MISTERIOSA)


terça-feira, 17 de maio de 2016

SARAU DA AARALETRAS, Academia Araruamense de Letras

CONVIDO a todos para os dois próximos saraus: o de maio, agora dia 21, sábado, no clube Náutico de Araruama, às 16 horas. Sua presença nos deixará honrados e felizes. Apareça.
O segundo, especial:

Grátis, sarau de poesia e música, da Academia de Letras de Araruama, segundo sábado de junho, dia 11, início pontualmente às 16 horas, na Soapras, esquina da rua Alcântara com a Tomé dos Santos. Se não estiver correto o endereço, corrijam para mim. Sua presença será uma honra.




sábado, 14 de maio de 2016

AMOR OU DESAMOR, que será?

QUE SERÁ?


A lua no céu desponta
e o meu coração apronta
uma enorme confusão;
bate firme, bate forte
no ritmo de uma canção.

É o amor que desperta
e me aperta bem o peito,
me empurra ao seu portão.
Você vê, mas não me atende,
você ouve e não me entende,
não me estende a sua mão,
faz de conta que não escuta.
Fico sem alma e sem jeito,
perco o rumo, a direção.

Isso me parece o fim,

agora o que será de mim?

terça-feira, 10 de maio de 2016

CARTA DO CHEFE SEATLE AO PRESIDENTE DOS ESTADOS UNIDOS


Este documento é um dos mais belos já escritos sobre  o uso do solo - é uma carta escrita em 1854, pelo Chefe Seatle ao presidente dos EUA, Franklin Pierce, quando este propôs comprar as terras de sua tribo.

 “Como é que se pode comprar ou vender o céu, o calor da terra? Essa idéia nos parece estranha. Se não possuímos o frescor do ar e o brilho da água, como é possível comprá-los? Cada ramo brilhante de pinheiro, cada punhado de areia das praias, a penumbra na floresta densa, cada clareira e inseto a zumbir são sagrados na memória e experiência de meu povo. A seiva que percorre o corpo das árvores carrega consigo as lembranças do homem vermelho. Os mortos do homem branco esquecem sua terra de origem quando vão caminhar entre as estrelas. Nossos mortos jamais esquecem esta bela terra, pois ela é a mãe do homem vermelho. Somos parte da terra e ela faz parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs; o cervo, o cavalo, a grande águia são nossos irmãos. Os picos rochosos, os sulcos úmidos nas campinas, o calor do corpo do potro e o homem - todos pertencem à mesma  família. Portanto, quando o Grande Chefe em Washington manda dizer que deseja comprar nossa terra, pede muito de nós. O Grande Chefe, diz que nos reservará um lugar onde possamos viver satisfeitos. Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos. Portanto, nós vamos considerar sua oferta de comprar nossa terra. Mas isso não será fácil. Esta terra é sagrada para nós.
Essa água brilhante que escorre nos riachos e rios não é apenas água, mas o sangue de nossos antepassados. Se lhe vendermos a terra, vocês devem lembrar-se de que ela é sagrada, e devem ensinar à suas crianças que ela é sagrada e que cada reflexo nas águas límpidas dos lagos fala de acontecimentos e lembranças da vida do meu povo, o murmúrio das águas é a voz de meus ancestrais. Os rios são nossos irmãos, saciam nossa sede. Os rios carregam nossas canoas e alimentam nossas crianças, se lhe vendermos nossa terra, vocês devem lembrar e ensinar a seus filhos que os rios são nossos irmãos, e seus também. E, portanto, vocês devem dar aos rios a bondade que dedicariam a qualquer irmão.
Sabemos que o homem branco não compreende nossos costumes. Uma porção da terra, para ele, tem o mesmo significado que qualquer outra, pois é um forasteiro que vem à noite e extrai aquilo de que necessita. A terra não é sua irmã, mas sua inimiga, e quando ele a conquista, prossegue seu caminho. Deixa para trás os túmulos de seus antepassados e não se incomoda. Rapta da terra aquilo que seria de seus filhos e não se importa. A sepultura de seu pai e os direitos de seus filhos são esquecidos. Trata sua mãe, a terra, e seu irmão, o céu, como coisas que possam ser compradas, saqueadas, vendidas como carneiros ou enfeites coloridos. Seu apetite devorará a terra, deixando somente um deserto.
Eu não sei, nossos costumes são diferentes dos seus. A visão de suas cidades fere os olhos do homem vermelho. Talvez seja porque o homem vermelho é um selvagem e não compreende. Não há lugar quieto nas cidades do homem branco. Nenhum lugar onde se possa ouvir o desabrochar de folhas na primavera ou o bater das asas de um inseto. Mas talvez seja porque eu sou um selvagem e não compreendo. O ruído parece somente insultar os ouvidos.
E o que resta da vida se um homem não pode ouvir o choro solitário de uma ave ou o debate dos sapos ao redor de uma lagoa à noite? Eu sou um homem vermelho e não compreendo. O índio prefere o suave murmúrio do vento encrespando a face do lago, e o próprio vento, limpo por uma chuva diurna ou perfumado pelos pinheiros. O ar é precioso para o homem vermelho, pois todas as coisas compartilham o mesmo sopro - o animal, a árvore, o homem, todos compartilham o mesmo sopro. Parece que o homem branco não sente o ar que respira. Como um homem agonizante há vários dias, é insensível ao mau cheiro. Mas se vendermos nossa terra ao homem branco, ele deve lembrar que o ar é precioso para nós, que o ar compartilha seu espírito com toda a vida que mantém. O vento que deu a nosso avô seu primeiro inspirar também recebe seu último suspiro. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem mantê-la intacta e sagrada, como um lugar onde até mesmo o homem branco possa ir saborear o vento açucarado pelas flores dos prados.
Portanto, vamos meditar sobre sua oferta de comprar nossa terra. Se decidirmos aceitar, imporei uma condição: o homem branco deve tratar os animais desta terra como seus irmãos. Sou um selvagem e não compreendo qualquer outra forma de agir. Vi um milhar de búfalos apodrecendo na planície, abandonados pelo homem branco que os alvejou de um trem ao passar. Eu sou um selvagem e não compreendo como é que o fumegante cavalo de ferro pode ser mais importante que o búfalo que sacrificamos somente para permanecer vivos.
O que é o homem sem os animais? Se todos os animais se fossem, o homem morreria de uma grande solidão de espírito. Pois o que ocorre com os animais, breve acontece com o homem. Há uma ligação em tudo. Vocês devem ensinar às suas crianças que o solo a seus pés é a cinza de nossos avós. Para que respeitem a terra, digam a seus filhos que ela foi enriquecida com as vidas de nosso povo. Ensinem às suas crianças o que ensinamos às nossas, que a terra é nossa mãe. Tudo o que acontecer à terra, acontecerá aos filhos da terra. Se os homens cospem no solo, estão cuspindo em si mesmos.
Isto sabemos: todas as coisas estão ligadas como o sangue que une uma família. Há uma ligação em tudo.  O que ocorrer com a terra recairá sobre os filhos da terra. O homem não tramou o tecido da vida; ele é simplesmente um de seus fios. Tudo que fizer ao tecido, fará a si mesmo.  Mesmo o homem branco, cujo Deus caminha e fala com ele de amigo para amigo, não pode estar isento do destino comum. É possível que sejamos irmãos, apesar de tudo. Veremos. De uma coisa estamos certos - e o homem branco poderá vir a descobrir um dia: nosso deus é o mesmo Deus. Vocês podem pensar que o possuem, mas sua compaixão é igual para o homem vermelho e para o homem branco. A terra lhe é preciosa, e feri-la é desprezar seu criador.
Os brancos também passarão, talvez mais cedo que todas as outras tribos. Contaminem suas camas, e uma noite serão sufocados pelos próprios dejetos. Mas quando de sua desaparição, vocês brilharão intensamente, iluminados pela força do Deus que os trouxe a esta terra e por alguma razão especial lhes deu domínio sobre a terra e sobre o homem vermelho. Este destino é um mistério para nós, pois não compreendemos que todos os búfalos sejam exterminados, os cavalos bravios sejam todos domados, os recantos secretos da floresta densa, impregnados do cheiro de muitos homens, e a visão dos morros obstruídos por fios que falam. Onde está o arvoredo? Desapareceu. É o final da vida e o início da sobrevivência.”





sábado, 7 de maio de 2016

O AMOR É UMA FLOR ROXA?

FAZENDO GRAÇA COM DITO POPULAR

Há um dito engraçado
e também muito atrevido
e que tanto tenho ouvido
que agora com simples versos
aqui será respondido.

O amor é uma flor azul
Que alegra muita gente
Desde o Norte até o Sul.
O amor é um lírio branco
Que traz um sorriso franco.
É um girassol amarelo
Que traz paz e harmonia
E põe conflitos no chinelo.
É um sol muito vermelho
que emite toda cor
E rejuvenesce o velho.
O amor é cor de rosa
Que se abre em nosso peito
Como se fosse a aurora.
Enfim, ele é uma flor roxa
Que apenas não floresce

No pobre coração dos trouxas.