quarta-feira, 27 de julho de 2016

SAIU AGORA MEU LIVRO DE ANÁLISE DE OBRAS PARA UNICAMP

Copie o link a baixo e cole no navegador para saber um pouco mais sobre esse livro:

https://agbook.com.br/backstage/my_books/214269



RESUMO DE ROMANCE ANGOLANO

MAYOMBE, de Pepetela.

* O trabalho de estudo do romance, assim como seu enredo condensado aparecerão no livro a ser publicado pela EDITORA NAVEGAR em agosto próximo.

SÍNTESE DO ENREDO DE MAYOMBE


Um grupo de guerrilheiros liderado pelo Comandante Sem Medo faz um ataque a um grupo de exploração de madeiras. A intenção fundamental é destruir as máquinas dos portugueses exploradores, mas preservar os trabalhadores explorados, que depois serão libertados logo que devolverem suas ferramentas e objetos pessoais, inclusive dinheiro, com uma explicação ideológica que visa cativar simpatizantes para a sua causa. Um português consegue fugir ileso com o caminhão. A potente máquina, espécie de trator e escavadeira, é completamente destruída e os trabalhadores são feitos prisioneiros. Um problema se instaura no momento de soltá-los; o guerrilheiro Ingratidão roubara o dinheiro que era de um trabalhador, mas só foi descoberto depois que eles já tinham partido. A segunda etapa dessa missão era emboscar os soldados que certamente seriam atraídos por causa do ataque. Resolve-se então, por influência e pedido do Comissário, que logo após o ataque, irão até a aldeia e devolverão o dinheiro. E assim foi feito. No final da narrativa, o dono do dinheiro, o mecânico, integra-se ao grupo guerrilheiro.

Os guerrilheiros são liderados por três elementos que cuidam, cada um, de um aspecto: Sem Medo ou Comandante, como o nome indica, é responsável pelo treino, pela luta; Teoria, é o professor que cuida da educação e da formação; Comissário, que é o responsável pela disciplina e ideologia.

André, o superior de todos, envolve-se com a professora Ondina que é noiva do Comissário e são apanhados em flagrante. O escândalo provoca a prisão e remoção de André que é substituído por Sem Medo. Pouco depois, chega da Base um dos subordinados de Sem Medo com a história de um ataque dos inimigos. Foi um engano dele, Teoria tinha atirado em uma cobra surucucu, mas o resultado é positivo porque Sem Medo consegue a adesão e participação de um grupo grande e, sem ligarem para o tribalismo, vão corajosamente salvar os amigos em perigo. Lá chegando, encontram os amigos bem. Como agora são muitos e realmente há um grupo inimigo na proximidade, unem-se os da Base e os que chegaram da cidade, comandados agora pelo Comissário, por determinação do Sem Medo, atacam com sucesso o acampamento inimigo, mas perdem dois combatentes nessa luta: o guerrilheiro de nome Lutamos e o Comandante Sem Medo.

segunda-feira, 25 de julho de 2016

POEMA DE JORGE DE LIMA do livro "Poemas Negros"

HISTÓRIA

Era princesa.
Um libata a adquiriu por um caco de espelho.
Veio encangada[1] para o litoral,                    
arrastada pelos comboieiros.
Peça muito boa: não faltava um dente
e era mais bonita que qualquer inglesa.
No tombadilho o capitão deflorou-a.   
Em nagô[2] elevou a voz para Oxalá.
Pôs-se a coçar-se porque ele não ouviu.
Navio guerreiro? não; navio tumbeiro.

Depois foi ferrada com uma ancora nas ancas,
depois foi possuída pelos marinheiros,
depois passou pela alfândega,
depois saiu do Valongo[3],
entrou no amor do feitor,
apaixonou o Sinhô,
enciumou a Sinhá,
apanhou, apanhou, apanhou.
Fugiu para o mato.
Capitão do campo a levou.
Pegou-se com os orixás:
fez bobó  de  inhame
para Sinhô  comer,
fez aluá[4] para ele beber,
fez mandinga para o Sinhó a amar.
A Sinhá mandou arrebentar-Ihe os dentes:
Fute, Cafute, Pé de Pato, Não-sei-que-diga[5],
avança na branca e me vinga.
Exú  escangalha  ela,  amofina  ela,
amuxila[6]  ela  que  eu  não  tenho  defesa  de  homem,
sou  só  uma  mulher  perdida  neste  mundão.
Neste mundão.
Louvado seja Oxalá.
Para sempre seja louvado.

Comentário: Poema em versos livres com rimas ocasionais, linguagem coloquial com termos oriundos da cultura afro. Essa história mostra que a beleza nem sempre livrava uma negra do seu destino miserável e sofredor. No início da história o maior valor dessa linda negra são os dentes, mas o que acontece com eles? A sinhá por ciúme mandou arrebentar seus dentes. A solução é sua vingança através do feitiço. 

Esse trabalho faz parte do estudo sobre várias obras selecionadas para exame vestibular para UNICAMP.  O livro já está pronto na www.agbook.com.br .



[1] Presa por meio de canga, como se prende o boi.
[2] Idioma  de origem africana, mas na verdade o termo designa o africano vendido como escravo na costa nigeriana, cujo idioma na realidade era o iorubá.
[3] Cais do Rio de Janeiro onde os negros eram desembarcados e vendidos.
[4] Bebida refrigerante feita com grãos de milho esmagados.
[5] Termos utilizados para designar o diabo.
[6] Termo não dicionarizado, mas o sentido óbvio é de “acaba” com ela.

terça-feira, 19 de julho de 2016

SAGARANA nos vestibulares.

A leitura de Sagarana sempre foi cobrada em provas e em exames  vestibulares. A obra está analisada e condensada no NOVO LIVRO DA FUVEST, vai aqui uma amostra grátis de parte desse trabalho:

CONTO CONDENSADO E COMENTADO

O Burrinho Pedrês

A fazenda do Major Saulo está em clima de agitação. Prepara-se a saída de uma boiada. O burrinho Sete-de-Ouros está esquecido a um canto, já aposentado de tão velho. Sete-de-Ouros já teve muitos nomes: Brinquinho, Rolete, Chico-Chato e Capricho; mudava de nome, sempre que mudava de dono. Vivera muitas aventuras, mas agora gozava seu descanso na fazenda da Tampa, do Major Saulo. Faltavam cavalos para conduzir os vaqueiros, pois alguns deles tinham fugido à noite e ainda não tinham sido encontrados. O velho burro lambia um resto de sal perto da varanda, todo sossegado, quando foi visto pelo Major que logo ordenou que fosse preparado para a viagem.  Os boiadeiros partem conduzindo a boiada. O vaqueiro Manico, contrariado, vai no burrinho, sofrendo as gozações dos colegas. Francolim é o braço direito do Major, que o chama de “mulato mestre meu secretário”. Ele alerta o Major para uma briga entre Badu e Silvino, por causa da namorada do Silvino que o trocou pelo Badu. A vingança poderia ocorrer durante a viagem. O Major Saulo parece não dar a mínima, mas como quem não quer nada, mineiramente vai perguntando, recolhendo informações e analisando os dois rivais. Enquanto viajam, vão cantando ou contando casos, de onças e de bois, como a história do boi Calundu.[1]
Num ponto do caminho, aproveitando um momento de distração, Silvino atiça um touro contra Badu, num instante em que ele está desmontado. Badu consegue escapar do animal com agilidade. Francolim, por ordem do Major, troca de montaria com Manico por algum tempo, mas entra no povoado já em seu cavalo, o que conseguiu só depois de alegar ao Major Saulo que não ficaria bem entrar montado em um burrinho, já que ele era o capataz.  Entregues os bois, os homens recebem folga. Major Saulo não voltará com os vaqueiros, por isso passa o comando a Francolim, dizendo-lhe que estava certo sobre Badu e Silvino, e que acha que este último realmente vai tentar matar o outro. Pede que tome todo cuidado e vigie Silvino o tempo todo.  Todos vão beber, Badu parece exceder-se. É o último a montar e só deixaram para ele o burrinho. Enraivecido, bêbado, mas sem outra saída, monta o burrinho e vai atrás dos outros. A noite é de breu, de total escuridão, e os vaqueiros vão em fila indiana. Quando se aproximam de um pequeno córrego, por onde passaram de dia com a maior facilidade, um deles lança sinal de alerta. O aviso de perigo não é por causa do piado do pássaro João Corta Pau, mas porque os cavalos estranham o terreno pantanoso. Chovera na cabeceira do rio e houve inundação. Todos temem a enchente. Resolve-se que o Badu deve seguir primeiro, porque está no Sete-deOuros: “O burrinho é quem vai resolver: se ele entrar n‘água, os cavalos acompanham, e nós podemos seguir sem susto. Burro não se mete em lugar de onde ele não sabe sair!” (p.73)
Sete-de-Ouros seguiu e os demais entraram nas águas com cautela, menos Juca e Manico, que ficaram. O burrinho seguia calmo e decidido, carregando o Badu, que de tão bêbado, só se agarrava ao pescoço do animal, sem tomar conhecimento do perigo. Um torvelinho forte e confuso de águas separou-os, confundiu-os e atirou-os de cima das montarias. Na confusão, Francolim salvou-se agarrando-se ao rabo do burrinho, que foi o único animal a alcançar o outro lado em segurança. Lá chegando, escoiceou o caronista imprevisto e continuou em seu retorno para o lar. Dessa forma, graças a Sete-de-Ouros, somente Francolim e Badu se salvaram daquela tragédia, em que oito vaqueiros morreram afogados. Assim, encerra-se o conto e a aventura de um anônimo e humilde herói, Sete-de-Ouros. “Folgado, Sete-de-Ouros endireitou para a coberta. Farejou o cocho. Achou milho. Comeu. Então, rebolcou-se[2], com as espojadelas obrigatórias, dançando de patas no ar e esfregando as costas no chão. Comeu mais. Depois procurou um lugar qualquer, e se acomodou para dormir, entre a vaca mocha[3] e a vaca malhada, que ruminavam, quase sem bulha, na escuridão.” (p.79)  

Comentário:O burrinho pode ser visto como a alegoria de qualidades como paciência, humildade, sabedoria, experiência de vida.



[1] Acontece muito nas obras de Guimarães Rosa aquilo que o crítico Tzetan Todorov denominou narrativa de encaixe. Sempre aparecem outras narrativas encaixadas na narrativa maior.
[2] O mesmo que revirou-se.
[3] Vaca sem chifres, seja porque foram cortados ou porque nasceu sem eles.

sábado, 16 de julho de 2016

FUVEST: romance MAYOMBE

SÍNTESE DO ENREDO


Um grupo de guerrilheiros liderado pelo Comandante Sem Medo faz um ataque a um grupo de exploração de madeiras. A intenção fundamental é destruir as máquinas dos portugueses exploradores, mas preservar os trabalhadores explorados, que depois serão libertados logo que devolverem suas ferramentas e objetos pessoais, inclusive dinheiro, com uma explicação ideológica que visa cativar simpatizantes para a sua causa. Um português consegue fugir ileso com o caminhão. A potente máquina, espécie de trator e escavadeira, é completamente destruída e os trabalhadores são feitos prisioneiros. Um problema se instaura no momento de soltá-los; o guerrilheiro Ingratidão roubara o dinheiro que era de um trabalhador, mas só foi descoberto depois que eles já tinham partido. A segunda etapa dessa missão era emboscar os soldados que certamente seriam atraídos por causa do ataque. Resolve-se então, por influência e pedido do Comissário, que logo após o ataque, irão até a aldeia e devolverão o dinheiro. E assim foi feito. No final da narrativa, o dono do dinheiro, o mecânico, integra-se ao grupo guerrilheiro.
Os guerrilheiros são liderados por três elementos que cuidam, cada um, de um aspecto: Sem Medo ou Comandante, como o nome indica, é responsável pelo treino, pela luta; Teoria, é o professor que cuida da educação e da formação; Comissário, que é o responsável pela disciplina e ideologia.

André, o superior de todos, envolve-se com a professora Ondina que é noiva do Comissário e são apanhados em flagrante. O escândalo provoca a prisão e remoção de André que é substituído por Sem Medo. Pouco depois, chega da Base um dos subordinados de Sem Medo com a história de um ataque dos inimigos. Foi um engano dele, Teoria tinha atirado em uma cobra surucucu, mas o resultado é positivo porque Sem Medo consegue a adesão e participação de um grupo grande e, sem ligarem para o tribalismo, vão corajosamente salvar os amigos em perigo. Lá chegando, encontram os amigos bem. Como agora são muitos e realmente há um grupo inimigo na proximidade, unem-se os da Base e os que chegaram da cidade, comandados agora pelo Comissário, por determinação do Sem Medo, atacam com sucesso o acampamento inimigo, mas perdem dois combatentes nessa luta: o guerrilheiro de nome Lutamos e o Comandante Sem Medo.

* Trabalho completo sobre esse romance e os 9 outros livros da FUVEST estarão no livro a ser publicado em agosto próximo pela editora NAVEGAR. 

quinta-feira, 7 de julho de 2016

SONETO INDECENTE DE BOCAGE

ADIVINHA SÓ O QUE É:

É pau, e rei dos paus, não marmeleiro,
bem que duas gamboas lhe lobrigo;
dá leite, sem ser árvores de figo,
da glande o fruto tem, sem ser sobreiro;

Verga, e não quebra, como o zambujeiro;
oco, qual sabugueiro, tem o umbigo;
brando às vezes, qual vime, está consigo;
outras vezes mais rijo que um pinheiro;

à roda da raiz produz carqueja,
todo o resto do tronco é calvo e nu,
nem cedro, nem pau-santo mais negreja!

Para carvalho ser falta-lhe um u; *
adivinhem agora que pau seja,
e quem adivinhar meta-o no cu.

* No passado, escrevia-se carvalho com "u" em vez de "v".

(do poeta português Bocage, extraído do livro DOIS SÉCULOS DE SACANAGEM, distribuído pela Catavento e  à venda nas prateleiras da Saraiva, das Lojas Americanas.)


segunda-feira, 4 de julho de 2016

LISTA DE LIVROS PARA VESTIBULAR DA UNICAMP

Próximo vestibular da Unicamp vai exigir de você que conheça os seguintes livros:

A lista de obras inclui romances, poesia, peça teatral e contos, a fim de estimular a leitura dos vestibulandos. Abaixo está o programa de leituras para o Vestibular Unicamp 2017. As obras marcadas em negrito são as que foram inseridas na lista atual. As demais já constavam da lista anterior.

Poesia:
Luís de Camões, Sonetos
Jorge de Lima, Poemas Negros. 

Contos:
Clarice Lispector, Amor, do livro Laços de Família.
Guimarães Rosa, A hora e a vez de Augusto Matraga, do livro Sagarana.
Monteiro Lobato, Negrinha, do livro Negrinha

Teatro:
Osman Lins, Lisbela e o prisioneiro

Romance: 
Aluísio Azevedo, O cortiço.
Camilo Castelo Branco, Coração, cabeça e estômago (Livro em domínio público).
Érico Veríssimo, Caminhos Cruzados (Livro distribuído pelo governo federal no PNBE).
José de Alencar, Til.
Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas.
Mia Couto, Terra Sonâmbula.