segunda-feira, 31 de julho de 2017

QUEM VIU EM RIO DAS OSTRAS GOSTOU e você de Araruama?

Então venha ver e comprove se é verdade ou mentira. Venha ver

  POR MARES NUNCA DANTES NAVEGADOS 
no Espaço Multicultural Gene Insanno, que fica à rua Coronel Doring, 71, quase caindo na Lagoa de Araruama. A peça começa às 19:00 horas com tolerância de atraso de apenas 5 minutos. Depois do espetáculo haverá uma palestra com o ator sobre os gêneros literários.




quarta-feira, 26 de julho de 2017

VIVOS EM DIA DE FINADOS

No dia de finados, em 2015, entrei no cemitério de Araruama, para fazer uma foto minha em cima de um túmulo; brincadeira para postar no Face. Depois, em casa, vendo a foto, veio-me a ideia do poema que vou postar;
DIA DOS VIVOS  02/11/2015

Somente sêmen;
semente plantando sonhos
na alma da gente.
Se mente com sentimentos,
semeia tormentas.
Tremem na mente os medos;
arremedos de sonhos
que podiam ser bons.

Mas um dia você volta, cheia de promessas;
somem da mente os pesadelos,
pesados modelos de sofrimentos.
Calam-se em lodo os lamentos
e os lábios meus entoam hinos,
cantam cantos de louvor
e as sílabas em aliterações
voltam a semear sonhos em nossos corações.

como sou fraco! Evoé, Baco!

Queria colocar a foto aqui, mas ela se perdeu no labirinto de arquivos. 

sexta-feira, 7 de julho de 2017

AGORA EM ARARUAMA Por mares nunca dantes navegados

Estaremos em cartaz durante o mês de agosto
todos os sábados, às 19 horas,
no Espaço Cultural Gene Insanno
com nossa adaptação de Os Lusíadas.
O teatro fica na rua Cel Doring, 71, do lado da Baterama, 
antes de chegar à Lagoa de Araruama.

POR MARES NUNCA DANTES NAVEGADOS
é o novo e definitivo título da peça.

domingo, 2 de julho de 2017

CUIDADOS COM RESULTADOS DE EXAMES DOS LABORATÓRIOS



NÃO ERA UM TUMOR, MAS UM TERROR.


Não era um tumor, mas um terror. Ela se desesperara ao chegar em casa e abrir o envelope com o resultado do exame. Não sabia como aguentara fazer a viagem de ônibus com aquilo na bolsa, curiosa, sem abrir. Talvez por medo, sim, a curiosidade era grande, mas o medo era muito maior. Agora, não, estava em casa, seu lar, sentia-se protegida pela presença da ausência dos filhos e do marido. Estava só em casa, crianças na escola, marido no trabalho e ela ali, reinando, rainha solitária com poder, sim, poder de fazer o que quisesse e ela queria muito ver o que havia naquele resultado de exame. Abriu, leu, leu de novo, não dava para acreditar, 20 centímetros, era isso mesmo, estava lá, por escrito e assinado, vinte centímetros. Era enorme o tumor, como não sentia nada? Bem, lembrou-se de uma vez que o Dr. César, seu gastroenterologista examinou-a com as mãos, depois olhou bem para ela e perguntou se sentia dores, ela disse que não. Ele disse que ela estava com pedra na vesícula. E pediu um exame, encaminhando-a para o Lavoisier. Feito o exame, voltou ela tão feliz, triunfante e disse ao médico que não tinha nada. Ele não se conformou:
            - Será que eu errei? Bem, posso errar, mas é difícil. Desculpe-me, mas vou pedir para você refazer o exame, em outro laboratório.
            Não errara! Ficou confirmado e no mês seguinte realizou a operação retirando duas pedras da vesícula. A história se repetiu, em outra ocasião, fazendo exame de rotina, disse-lhe que estava com aquela bactéria chata, a k y esqueci o nome, ah! Lembrei, Hpilore ou agapilore.  Dr. César perguntou se sentia dor. Ela dissera não ter nada, não sentir dor, mas o exame confirmou e passou dias tomando aquele monte de remédio para matar a bichinha importuna. Agora essa merda de exame denunciava que embora não sentisse dor, estava perto da morte. Um tumor de vinte centímetros. Não queria sofrer tudo aquilo por que vira passar sua sogra. Melhor seria dar logo um fim à sua vida. Decidiu rapidamente o que fazer e como. Tinha que aproveitar esse momento de absoluta solidão. Deixaria uma carta explicando tudo, com o exame do lado, haveriam de entendê-la. Não só a si mesma, mas também a todos, livraria de muitos dias de sofrimento. Melhor sofrer tudo de uma vez só.
            O marido chega do trabalho, à noite, e encontra a mulher chorando sem parar, em pânico, sem conseguir falar, se torcendo toda, gemendo, ganindo, parecendo um animal ferido em desespero. Mas fazia aquilo não muito alto, se contendo, porque as crianças já estavam dormindo. O marido não conseguiu obter dela uma explicação, porque as palavras poucas que pronunciava eram incongruentes. Dizia que não conseguira se matar porque lembrara das crianças,  ficou adiando, mas quando as crianças chegaram da escola, absurdo, ela tinha conseguido sorrir e fazer tudo como todo dia, até que as crianças foram dormir, só então se descontrolara. Mas por que se matar? Que ideia idiota foi essa? Mas as perguntas do marido não eram respondidas e nova crise de choro e gemidos vinham deixá-la em verdadeiro delírio. Ele não se aguentou, fez o que já vira em filmes e no teatro, esbofeteou a esposa. Com os tapas, ela pareceu voltar à realidade. Chorou mais manso, mais humanamente e conseguiu contar tudo a ele.
            - Calma! Fique calma! Vamos ver isso. Deixe-me ver esse exame.
            Ela entregou o envelope, ele abriu, leu e sorriu.
            - Sua tonta! Já falei tanto para você não ler os resultados antes do médico. Isso aqui só pode ser erro burro, erro do cretino que datilografou isso. Venha cá, veja só; vinte centímetros é o meu palmo, olha aqui, do mindinho até o polegar, com minha mão aberta, dá exatamente vinte centímetros. Agora, deixa eu apalpar sua barriga, isso, aqui, veja, sinta, estou apertando e não sinto nada. Se houver algo, deve ser minúsculo.
            - Será possível?
            - Claro, amor. Tenho certeza, o cara errou ao colocar a vírgula. Deve ser algo menor do que um quarto de centímetro. Deve ser 0,20 e não 20 centímetros. Sabe o que deve ser? Óvulo. É isso! Você vai ficar menstruada, pode apostar!
            E acertou. Ela conseguiu uma consulta no dia seguinte, alegando necessidade urgente. O médico quando viu aquilo e a examinou exasperou-se, xingando alguns palavrões. Realmente, o estúpido, o cretino do sujeito deveria ser demitido por tanta incapacidade. A coisa era menor ainda do que supunha o marido; o sujeito escrevera 20 quando deveria ter escrito 0,02. Veja só como vírgula e zero podem ser importantes e significativos.