segunda-feira, 14 de abril de 2014

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE




Está pronto o estudo sobre estes 5 livros: ALGUMA POESIA, SENTIMENTO DO MUNDO, A ROSA DO POVO, CLARO ENIGMA, CORPO. (Se tiver interesse, entre em contado pelo e-mail gchacon2003@yahoo.com.br )


ALGUMA POESIA

APRESENTAÇÃO

Essa obra de estreia (1930) foi dedicada por Drummond ao amigo Mário de Andrade, demonstrando sua ligação não só com o primeiro tempo modernista, mas também com muitos traços estéticos característicos das conquistas da fase heróica do movimento. O livro Alguma poesia  mantém aquela procura do humor e da ironia, expressa através de poema-piada, semelhante à produção oswaldiana, como no anedótico poema “Anedota búlgara”
Era uma vez um czar naturalista
que caçava homens.
Quando lhe disseram que também se caçam borboletas e
                                                                      [andorinhas,
ficou muito espantado
e achou uma barbaridade.
           
Outra conquista modernista, preservada por Drummond, é o registro do banal cotidiano, transformado pela magia da palavra em assunto poético. Acresce dizer que a linguagem abandona o estilo verborrágico e pomposo, predominante em nossas letras desde o barroco, em troca de uma linguagem coloquial, prosaica mesmo (antilirismo), que se revela mais adequada ao tema e ao tempo. Um exemplo disso pode ser visto em “Poema do jornal”:

O fato não acabou de acontecer
e já a mão nervosa do repórter
o transforma em notícia.
O marido está matando a mulher.
A mulher ensanguentada grita.
Ladrões arrombam o cofre.
A polícia dissolve o meeting
A pena escreve.

Vem da sala de linotipos a doce música mecânica.

            Para encerrar este tópico, lembramos que em seus poemas predomina o versilibrismo, ou seja, o emprego de verso livre (também conquista do primeiro tempo modernista)*, embora possam ser encontrados alguns poucos poemas isométricos, nos quais aparecem versos redondilhos, de cinco sílabas (menor) ou de sete sílabas (maior).
Apresentaremos poemas escolhidos de Alguma poesia segundo a divisão temática realizada pelo poeta em sua antologia, com a mesma titulação por ele empregada. (Continua o trabalho com a transcrição de vários poemas comentados ou analisados.)

BIOGRAFIA

            Carlos Drummond de Andrade nasceu no quadrilátero ferrífero, na cidade de Itabira, Minas Gerais, em 1902, e faleceu no Rio de Janeiro, em 1987. Sua família era ligada às tradições dos povoadores de sua região, constituída principalmente por mineradores e fazendeiros. Por isso, mais tarde, o poeta daria a uma de sua obras o título Fazendeiro do ar. Drummond estudou em Belo Horizonte, no Colégio Arnaldo, onde conheceu Gustavo Capanema e Afonso Arinos de Mello Franco, que seriam amigos e companheiros de atividade política e vida intelectual. Abandonou os estudos por motivo de saúde, mas retornou à vida escolar, em 1918, ingressando no Colégio Anchieta, da Companhia de Jesus, em Nova Friburgo (RJ), de onde foi expulso no ano seguinte, depois de um problema com seu professor de Português. Sobre o incidente, disse ele: “A saída brusca do colégio teve influência enorme no desenvolvimento dos meus estudos e de toda a minha vida. Perdi a Fé. Perdi tempo. E sobretudo perdi a confiança na justiça daqueles que me julgavam. Mas ganhei vida e fiz alguns amigos inesquecíveis”.
            Drummond formou-se em Farmácia, mas acabou ingressando no funcionalismo público e dedicando-se ao jornalismo e à literatura. Iniciou-se no Modernismo em Belo Horizonte, no grupo de Revista. O poeta mudou-se mais tarde para o Rio de Janeiro, onde fixou residência até seus últimos dias. Em 1977, Drummond foi escolhido como o maior poeta vivo do mundo. Em 1987, perdeu sua filha querida, Maria Julieta, vítima de câncer. Já doente, o poeta apresenta-se a partir de então muito abatido, desolado mesmo. Uma dúzia de dias depois, em 17 de agosto, Drummond despediu-se de nosso mundo, deixando inéditas, para publicação póstuma, as obras: O avesso das coisas, Moça deitada na cama, O amor natural e Farewell.

 
* O termo meeting significa passeata, manifestação pública.

* Cuidado para não confundir verso livre com “verso branco”, que é aquele em que não há rima, mas mantém a preocupação com a métrica e um ritmo preestabelecido. O verso livre radicaliza sua rebeldia, abandonando não só a rima, mas toda e qualquer preocupação com medidas regulares e ritmos tradicionais. Um verso longo, pode ser sucedido por outro curtíssimo.

terça-feira, 8 de abril de 2014

GUIMARÃES ROSA

A HORA E VEZ DE AUGUSTO MATRAGA

de João Guimarães Rosa
condensado e analisado por Geraldo Chacon

            INTRODUÇÃO

                Publicado pela primeira vez em 1946, o livro Sagarana constitui uma obra-prima da produção de Guimarães Rosa, revelando uma linguagem literária inovadora, repleta de rupturas sintáticas e um léxico mágico, tal a combinação de neologismos e regionalismos.
                Dos nove contos, todos magníficos, costuma-se destacar a história do valente Augusto Matraga que, de valentão e mau, converte-se em santo justiceiro. A estória de Augusto Matraga (regional),  é uma verdadeira saga do homem na sua travessia por esta existência (universal). Matraga pode ser visto como o homem no sentido universal, assim como já o fez o cineasta Werner Herzog ao contar a história de Kaspar Hauser no filme O Enigma de Kaspar Hauser. A trajetória de Matraga como que recria simbolicamente a evolução do ser na sua luta pela aprendizagem do viver e da ascensão espiritual.

SÍNTESE DO ENREDO


                O valente Nhô Augusto vive despreocupado com as dívidas em farra e valentia. Não cuida de sua mulher Dionóra , nem de sua filha. Sua mulher foge com outro, Ovídio. Seus capangas passam para outro patrão, Major Consilva. Só fica com ele o Quim, que se diz covarde. Na busca de vingança, Augusto é surrado pelos próprios capangas com os antigos guarda-costas do Major. É dado por morto, quando cai todo arrebentado em uma pirambeira.
                Augusto é socorrido por um casal e, depois de muito sofrer, recupera-se da surra. Arrepende-se de seus pecados e luta por sua salvação. Não bebe, não fuma, não olha para mulher, não procura ganhar dinheiro. Trabalha muito para ajudar os outros e para mortificar seu corpo. Conhece Joãozinho Bem-Bem que se torna seu amigo e admirador, convidando-o a ingressar no bando. Augusto recusa e o jagunço parte.
                Tempos depois, Augusto viajando num jumento, chega ao arraial do Rala-Coco, onde reencontra o valentão Joãozinho Bem-Bem, que renova o convite. Joãozinho vai executar uma família, porque um de seus membros matara Juruminho à traição, quando lá chegaram. O pai da família implora piedade em nome de Jesus e Maria. Comovido, Augusto decide tomar seu partido e luta contra o bando e Joãozinho. Brigam com lealdade e valentia. Morrem os dois, mas contentes porque se reconhecem como homens de coragem, que se enfrentaram com dignidade. O conto já foi adaptado para cinema e teatro. 
* Se você tiver interesse por meu trabalho completo sobre essa obra ou qualquer outra de nossa literatura, entre em contato: 
                                                           gchacon2003@yahoo.com.br 

domingo, 6 de abril de 2014

IMPOSTO de Djavan

Quando estiver preenchendo a sua declaração de IR, ponha de fundo a voz de Djavan cantando

imposto
                http://youtu.be/AikZh9e22dU






IPVA, IPTU
CPMF forever
É tanto imposto
Que eu já nem sei!...
ISS, ICMS
PIS e COFINS, pra nada...
Integração Social, aonde?
Só se for no carnaval
Eles nem tchum
Mas tu paga tudo
São eles os senhores da vez
Tu é comum, eles têm fundo
Pra acumular, com o respaldo da lei
Essa gente não quer nada
É praga sem precedente
Gente que só sabe fazer
Por si, por si
Tudo até parece claro
À luz do dia
Mas claro que é escuso
Não pense que é só isso
Ainda tem a farra do I.R.
Dinheiro demais!
Imposto a mais, desvio a mais
E o benefício é um horror
Estradas, hospitais, escolas
Tsunami a céu aberto,
Não está certo.
Pra quem vai tanto dinheiro?
Vai pro homem que recolhe
O imposto
Pois o homem que recolhe
O imposto
É o impostor.
http://youtu.be/VZ8Adwyxh4M 

Djavan 

sábado, 5 de abril de 2014

PROBLEMA DE ÁCIDO ÚRICO

Caso você tenha problema de ácido úrico, torna-se necessário um controle do que anda comendo. Anote aí alguns alimentos que deve evitar:


sexta-feira, 4 de abril de 2014

LITÍASE = PEDRA NOS RINS

Há tempos postei uma recomendação da minha amiga, Dra Suzimar, para que evitassem a carambola, que prejudica as funções renais.
Hoje vou postar essas recomendações para quem tem problema com pedra (càlculos) nos rins


AMANHÃ postarei uma dieta específica para quem tem problemas com ácido úrico: hiperuricemia.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Camões e Noel Rosa

Lembrei-me de uns versos de Noel Rosa, cantados por Zizi Possi no seu maravilhoso CD "Mais simples":

Provei do amor todo o amargor que ele tem, 
então jurei nunca mais amar ninguém, 
porém eu agora encontrei alguém 
que me compreende e que me quer bem.

Quem fala mal do amor, não sabe a vida gozar,
quem maldiz a própria dor, tem amor, mas não sabe amar.

E aí me lembrei de uns versos de Camões que diziam mais ou menos assim:

"Quem diz que o amor é falso e enganoso, 
ligeiro, ingrato, vão, desconhecido, 
sem falta lhe terá bem merecido
que lhe seja ingrato ou rigoroso." 

E em outro soneto afirma que:

"Busque amor novas artes, novo engenho,
para matar-me e novas esquivanças:
que não pode tirar-me as esperanças,
que mal me tirará o que eu não tenho.
(...)
Mas conquanto não pode haver desgosto
onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que não se vê.

Que dias há que n'alma me tem posto
um não sei quê, que nasce não sei onde,
vem não sei como, e dói não sei porquê."

Parece-me que seja no século XVI, no XX ou no atual, nós estaremos sempre vulneráveis às ciladas e setas do deus menino.




terça-feira, 1 de abril de 2014

GUILHERME DE ALMEIDA

Encontrei um poema que sempre amei, de autoria de Guilherme de Almeida, vou transcrevê-lo. Amo esse poema desde minha adolescência e agora sei a razão; além do tema do amor livre, há uma beleza no emprego das rimas e de um ritmo que inicia rígido com o clássico decassílabo, mas logo é quebrado, num jogo sincopado muito interessante.Veja:
A Hóspede                

Não precisa bater quando chegares.
Toma a chave de ferro que encontrares
sobre o pilar, ao lado da cancela,
e abre com ela
a porta baixa, antiga e silenciosa.

Entra. Aí tens a poltrona, o livro, a rosa,
o cântaro de barro e o pão de trigo.
O cão amigo
pousará nos teus joelhos a cabeça.

Deixa que a noite, vagarosa, desça.
Cheiram a relva e sol, na arca e nos quartos,
os linhos fartos,
e cheira a lar o azeite da candeia.

Dorme. Sonha. Desperta. Da colmeia
nasce a manhã de mel contra a janela.
Fecha a cancela
e vai. Há sol nos frutos dos pomares.

Não olhes para trás quando tomares
o caminho sonâmbulo que desce.
Caminha -
 e esquece.

* Linda hipálage, "caminho sonâmbulo que desce", não é o caminho que é sonâmbulo, mas a mulher que se vai.