segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Vitorino Carriço e Arraial do Cabo

CONVERSA COM VITORINO

Meu caro Vitorino, venho aqui como um garoto,
como se fosse um menino, para de ti receber instrução.
Foi por isso que com alegria saí bem cedo, logo de manhã,
e vim para sua casa, hoje denominada da poesia.


No entanto, por inibição,
dei uma volta pela prainha,
depois fui ainda mais longe,
caminhei até a Praia dos Anjos,
mas finalmente ganhei coragem
e aqui entrei resoluto
e estou firme, decidido.

Sei que perto de ti não sou nada, apenas um aspirante,
um novato atrevido, mas veja meu coração,
perceba minha sinceridade
ao expor minha fraqueza.
Só quero aprender contigo a beleza de fazer versos,
de dizer coisas boas, de agradar às pessoas,
de captar a alma da poesia.

Não, por favor, não se afaste de mim,
não fique irritadiço
porque isso não combina com seu nome,
quer dizer, sobrenome.
Dê-me a mão, faça-me companhia.
Agora há pouco, seu neto passou pela janela,
estava tão apressado o Júnior, nem nos viu.

Por favor, não seja severo, não me olhe assim,
porque eu, sabe, sou inseguro.
Sinto-me um tanto pateta,
um tonto, mas no fundo, eu sei,
que tenho alma de poeta
e às vezes, como você,
sinto uma ânsia insaciável
de amor e de amizade.
Assim como você, não desejo mais utopia
nem ser um rico nababo.
Só quero compor algo popular, singelo.
Talvez não tenha sido por acaso
Que tenha me ordenado o Fado
vir viver em Arraial do Cabo.

Geraldo Chacon

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