quarta-feira, 2 de abril de 2014

Camões e Noel Rosa

Lembrei-me de uns versos de Noel Rosa, cantados por Zizi Possi no seu maravilhoso CD "Mais simples":

Provei do amor todo o amargor que ele tem, 
então jurei nunca mais amar ninguém, 
porém eu agora encontrei alguém 
que me compreende e que me quer bem.

Quem fala mal do amor, não sabe a vida gozar,
quem maldiz a própria dor, tem amor, mas não sabe amar.

E aí me lembrei de uns versos de Camões que diziam mais ou menos assim:

"Quem diz que o amor é falso e enganoso, 
ligeiro, ingrato, vão, desconhecido, 
sem falta lhe terá bem merecido
que lhe seja ingrato ou rigoroso." 

E em outro soneto afirma que:

"Busque amor novas artes, novo engenho,
para matar-me e novas esquivanças:
que não pode tirar-me as esperanças,
que mal me tirará o que eu não tenho.
(...)
Mas conquanto não pode haver desgosto
onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que não se vê.

Que dias há que n'alma me tem posto
um não sei quê, que nasce não sei onde,
vem não sei como, e dói não sei porquê."

Parece-me que seja no século XVI, no XX ou no atual, nós estaremos sempre vulneráveis às ciladas e setas do deus menino.




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