quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Mini biografia de Almeida Garrett

  Faço um estudo da obra FREI LUÍS DE SOUSA no primeiro livro, e no segundo, para a FUVEST, analiso VIAGENS NA MINHA TERRA, ambos do romântico português Almeida Garrett.

BIOGRAFIA 

            João Batista da Silva Leitão de Almeida Garret nasceu a 4 de fevereiro de 1799, na cidade do Porto. O sobrenome Garret foi tomado de um ascendente irlandês do pai. Aos cinco anos de idade, Garret vive nas quintas do Castelo, às margens do rio Douro, perto do Porto. Depois da invasão francesa, a sua família muda-se para Lisboa e em seguida para a ilha Terceira, nos Açores. Nesse período, por volta de 1808, Garret inicia os seus estudos, completados entre 1811 e 1814 pelo frei Alexandre, seu tio, que lhe proporcionou boa formação vernácula e o introduziu na vida eclesiástica.
            Em 1815, Garret abandona a batina e parte para Lisboa, matriculando-se, no ano seguinte, na Universidade de Coimbra, onde estuda Direito. Nos três anos seguintes, Garret adere às ideias liberais, escreve uma tragédia, Xerxes, e encena outra, Lucrécia. Dedica-se, com afinco, à leitura dos românticos principalmente de Chateubriand.
            Garret participa da Revolução Liberal, a 24 de agosto de 1820, e luta contra o absolutismo. Participa do movimento acadêmico que reivindicava o direito de voto dos estudantes, nas eleições democráticas instituídas pela Revolução. Em 1821, forma-se em Leis e encena sua tragédia Catão. Nesse mesmo ano, conhece Luísa Midosi, com quem se casa no ano seguinte.
            No ano do seu casamento, torna-se motivo de escândalo e sofre um dissabor. A publicação do poema O Retrato de Vênus, desperta muitas críticas por parte da imprensa conservadora, que julgava a obra obscena. Garret é processado, mas consegue ser absolvido. Em 1823, após a contrarrevolução, que introduz outra vez o absolutismo em Portugal, Garret vê-se constrangido a refugiar-se na Inglaterra, deixando em Lisboa sua mulher. Procura regressar clandestinamente a Portugal, mas é apanhado e exilado imediatamente para a Inglaterra, onde trava conhecimento com a literatura romântica inglesa, principalmente com a obra de Byron e de Scott.[1]
            Em 1824, por problemas financeiros troca a Inglaterra pela França, onde, influenciado pelo Romantismo, escreve os poemas Camões e Dona Branca, obras que servem de marco inicial para o movimento em Portugal. Com a Carta Constitucional outorgada por d. Pedro IV (que foi D. Pedro I no Brasil), criando um meio termo entre o absolutismo e o liberalismo, Garret pode voltar a Portugal, reingressando no serviço público. Nesse período, funda e dirige um jornal liberal, O Português. Nessa época a contrarrevolução miguelista, adquire forças e D. Miguel é proclamado legítimo rei de Portugal, com consequente volta do absolutismo. Garret foge de novo para a Inglaterra, fixando-se em Londres e depois em Birmingham. Em 1831, funda em Londres um jornal, O Precursor, através do qual anima os liberais a se reunirem em torno de d. Pedro. A partir da França, uma expedição militar, de que ele faz parte, sai para combater d. Miguel.[2]
            Em junho de 1832, essa expedição sai de São Miguel, nos Açores, e um mês depois, desembarca próximo do Porto e toma a cidade. Durante esses eventos, Garret inicia seu romance O Arco de Santana e colabora na redação dos códigos criminal e comercial. Nesse mesmo ano, vai à Inglaterra e França em missão diplomática para conseguir apoio à causa liberal. No ano seguinte, consolidado o liberalismo, Garret é nomeado secretário de uma comissão encarregada de propor um plano geral de educação e ensino público. Em 1834, é nomeado cônsul geral e encarregado de negócios junto ao governo da Bélgica.
            Em 1836, volta a Lisboa e divorcia-se de Luísa. Funda o jornal político O Português Constitucional e elabora um plano para a fundação e organização do “teatro nacional”. É nomeado inspetor geral dos teatros e espetáculos nacionais.            Em 1837, é eleito deputado, funda o jornal Entreato - Jornal de Teatros e casa-se com Adelaide Pastor. Em 1841, vê morrer sua mãe e também sua mulher. Em 1842, consegue eleger-se deputado pela terceira vez e continua a brilhar na tribuna e na imprensa política. Interfere decisivamente na discussão da reforma do ensino em Portugal e combate o aumento dos impostos.
            Em 1846, depois da revolução denominada “Maria da Fonte”, Garret é reconduzido ao cargo de cronista-mor do reino. Nos quatro anos seguintes, Garret deixa a vida política, reduz a atividade literária, que é substituída por intensa vida social. Em 1850, apesar de sua oposição ao governo, torna-se vogal da comissão para o monumento a d. Pedro IV, reabilitando, dessa forma o seu prestígio.
            Em 1851, Garret é nomeado ministro plenipotenciário para tratar de uma convenção literária entre seu país e a França, recebe o título de visconde e ainda consegue eleger-se deputado mais uma vez. Em 1854, abandona a vida política e social, recolhendo-se em seu lar, sempre acompanhado de sua filha Maria Adelaide. A 9 de dezembro do mesmo ano, Almeida Garret falece, em Lisboa.

BIBLIOGRAFIA

Poesia: O Retrato de Vênus (1821), Camões (1825), Dona Branca (1826), Adosinda (1828), Lírica de João Mínimo (1829) Flores sem Fruto (1845) e Folhas Caídas (1853). Prosa de ficção: Arco de Santana (1845/50), Viagens na Minha Terra (1846).
Teatro: Catão (1822), Mérope (1841), Um Auto de Gil Vicente (1842), Frei Luís de Sousa (1844).





[1] Entre as biografias não vi referência a isso, mas aposto que também bebeu em outra fonte; Laurence Sterne, que já publicara (entre 1759 e 1770) o seu romance digressivo A Vida as Opiniões do Cavalheiro Tristram Shandy.

[2] Os eventos de então são utilizados na construção do protagonista Carlos (de A Menina dos Rouxinóis), que pode ser visto como um alter ego de Garrett.



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