quinta-feira, 1 de outubro de 2020

CAPÍTULO 11 DA NOVELA "OS LUSÍADAS NO TEATRO"

 

CAPÍTULO 11 – APRESENTAÇÕES EM MARICÁ

Aconteceram duas apresentações em Maricá, mas não fizemos fotos nem gravações. A foto que eu tinha do programa está perdida na confusão dos meus arquivos. E não houve muita coisa diferente para comentar. Entre o pouco que vale a pena comentar é que a primeira dessas duas apresentações, foi marcante para mim por ter sido um evento da FETAERJ e eu me apresentei em espaço aberto, na praça de esporte de um colégio, o que me fez empregar pela primeira vez o microfone de lapela. Apesar do meu receio, tudo correu muito bem e a diretora gostou muito do meu trabalho. Outra emoção também muito importante foi a oportunidade de conviver com tantos outros atores, e poder ver o trabalho de tantos outros grupos.

A segunda apresentação quando terminei e ela veio toda emocionada, com olhos arregalados, um riso de êxtase, perguntando de modo brincalhão: “Você bebeu alguma coisa?” Eu não entendi, não disse nada e ela refez a pergunta de outra forma: “Você fumou ou usou alguma droga? Tô falando assim porque eu estou boba, você nunca fez nada igual, hoje você superou tudo que você fez!”

Eu fiquei perplexo porque ela sempre foi bastante crítica e costumava sempre apontar pontos que eu deveria melhorar ou fazer de outro modo no futuro, mas naquele momento ela só via a perfeição, mas eu não estava consciente disso. Não via nem sentia nada de especial. Acreditava que tinha feito tudo igual, mas se ela dizia, então procurei investigar o que poderia ter acontecido e achei uma explicação.

Havia pouco público e eu procurei conversar antes com as pessoas que estavam ali. Quatro delas me preocupavam muito porque duas eram crianças e as outras duas eram senhoras próxima da minha. Talvez  tivessem alguns anos a menos, mas eram idosas. Além dessa oposição de idade, as duas senhoras demonstravam uma oposição cultural; ao passo que uma era professora e amante do  teatro, a outra não demonstrava muito estudo e jamais havia ido ao teatro. Isso me levou a tomar uma disposição ao entrar no palco, uma intenção muito clara e forte de não me apresentar com jeito e gestos para agradar só a professora, ou só a que nunca vira uma peça, mas atuar para todas, pensando em todas. Então contracenei com as garotinhas, dirigi falas para as senhoras e cheguei a pular para fora do palco, mudar alguns vocábulos eruditos por termos populares. Provavelmente isso me fez ficar mais concentrado e mais intenso, com certeza.



 

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