domingo, 19 de março de 2017

SOLITÁRIA, SOLTEIRA, SOZINHA



SOLITÁRIA

Pensei que vivo sem eira nem beira
agora mesmo, triste, na cozinha,
sem ter para encostar uma eira:
solteira, solitária, sozinha.

Melhor seria cantar uma ária,
ou levar uma vida de rainha,
do que levar essa vida mesquinha:
sozinha, solteira, solitária.

Qualquer pescadora de ribeira
leva vida melhor do que a minha,
em vez de flor, uma erva daninha:
sozinha, solitária, solteira.

* Na Idade Média, como as mulheres em geral não escreviam, eram os homens nobres, trovadores, que compunham assumindo o eu lírico feminino. Esses poemas receberam a designação de CANTIGAS DE AMIGO. O rei de Portugal, Dom Dinis, fez muitas cantigas de amigo. Fazia muito tempo que eu não compunha uma cantiga de amigo, mas ontem, pela madrugada, veio essa inspiração num momento de insônia. Achei simples e interessante e logo veio outra, como que continuação desta, com a mesma personagem. Semana que vem, depois de revisar, vou colocar aqui. Aguarde! Geraldo Chacon

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