quinta-feira, 17 de outubro de 2013

PALAVRAS DE AMOR, ELEGIA, e SEM RUMO, meus últimos poemas.

                PALAVRAS DE AMOR

Quantas palavras de amor
Embelezam a sua canção?
Quantas palavras de amor
Moram em seu coração?

Quantas palavras de amor
Tristes definham à míngua!
Quantas palavras de amor
Morrem na ponta da língua!

                ELEGIA

− Onde vais minha mãe?
− Vou ali e volto logo.
Vou aplicar uma injeção
numa senhora doente.
Sai minha mãe para o escuro
e eu menino em casa sozinho.
Outra noite, outra lua,
mas é a mesma história;
Lá vai minha mãe para a rua.
− Onde vais minha mãe?
− Vou ali, mas volto já.
Só vou pôr essas flores num anjo.
Eu via sua sombra passando pela porta.
Lá ia minha mãe enfeitar uma criança morta.
E eu de cara na parede chorava em casa sozinho.

Outro semana, outro mês
E a essa história continua.
Ajudando os necessitados,
mamãe enfrentava a noite nua.
Os filhos de várias idades
já se fazem companhia.
Os anos assim se passaram
sem que nada se alterasse,
nem mesmo com a velhice
que próxima se fazia.

Mas como sempre acontece na ficção e na vida,
um dia a coisa muda, a minha mãe mudou.
Não saiu mais de casa, caiu de cama,
meses depois piorou.

− Mamãe, não nos abandone tanto,
Não nos deixe sozinhos assim!
− Sinto muito, filhos, é a vida,
que um dia chega ao fim.
Agora vou muito longe e não volto nunca mais.
Fiz tudo que devia, vou ficar em paz.
Por isso não chorem, mas cantem baixinho
Uma linda canção para mim.
Por isso, dali a dois dias, quando de casa partia,
mesmo chorando, para ela cantamos “Maria, Maria”!




SEM RUMO

Parti de perto do porto,
deixei tudo decidido,
abandono a dona de minha dor
e vou em busca de outra flor,
mas minha nau naufraga
na curva do vento,
pondo fim à lida
e ao meu sofrimento.


Nenhum comentário: