É pau, e rei dos paus, não marmeleiro,
bem que duas gamboas lhe lobrigo;
dá leite, sem ser árvores de figo,
da glande o fruto tem, sem ser sobreiro;
Verga, e não quebra, como o zambujeiro;
oco, qual sabugueiro, tem o umbigo;
brando às vezes, qual vime, está consigo;
outras vezes mais rijo que um pinheiro;
à roda da raiz produz carqueja,
todo o resto do tronco é calvo e nu,
nem cedro, nem pau-santo mais negreja!
Para carvalho ser falta-lhe um u; *
adivinhem agora que pau seja,
e quem adivinhar meta-o no cu.
* No passado, escrevia-se carvalho com "u" em vez de "v".
(do poeta português Bocage, extraído do livro DOIS SÉCULOS DE SACANAGEM, distribuído pela Catavento e à venda nas prateleiras da Saraiva, das Lojas Americanas.)
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