segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

VOCÊ FALA ASSIM COM SUA MÃE?

MODO DE FALAR

O marido se queixava, mas garantia que não era uma reclamação, mas apenas uma constatação. “Eu nem ligo, mas vejo quão diferente é o modo de agir de minha mulher. Veja só, ontem, pela manhã saí com ela para fazer compras e na hora de estacionar eu saí do carro e tentava orientar, mas simultaneamente o funcionário do estacionamento, prestativo, mas desajeitado também dava seus palpites e minha mulher ficou nervosa com aquilo. Eu fiquei com receio em um momento que ela iria recuar com as rodas dianteiras viradas completamente viradas que batesse numa moto que estava ao lado, e gritei ao mesmo tempo que o tal funcionário ‘Endireita a roda” ou algo parecido, nem lembro se falamos pneus ou rodas. Bem, ela ficou nervosa, reclamou e eu, como de hábito, saí e deixei-a livre para fazer o que quisesse.  Como eu precisava ir à farmácia que havia na esquina, dirigi-me para lá e  pensei, depois vou encontrá-la na quitanda. Assim fiz, depois de comprar o remédio fui para o hortifruti e ela ainda estava tensa, com voz dura e lágrimas nos olhos protestou que reclamara porque eu fui grosso com ela, que eu precisava controlar meu tom de voz. De nada adiantou eu dizer que eu não gritara do jeito que ela reclamava, mas que fora firme por uma questão de urgência, de emergência, mas qual o quê, ela continuou brava comigo, mas como sempre, não durou muito, logo ela recuperou a calma e voltou ao tom de voz calmo e tranquilo de sempre.
Estou contando isso, para você ver como é diferente o modo de ser de mãe e de esposa, bem, isso nela, porque em outras mulheres deve ser diferente, mas nela é assim. Como esposa, ela briga, ela se defende e briga por si, mas com filhos age de outra maneira. Ontem mesmo pude ver isso, no período da tarde. Não vi, mas ouvi bem. Estava num cômodo ao lado do quarto em que as duas entraram discutindo, peguei poucas palavras e não as guardei bem, mas o que mais me incomodava era o tom irritado e bravo com que a filha admoestava por estar andando de chinelo ou calçado dentro de casa e, creio que levando ou espalhando alguma sujeira. Precisava você ver com que doçura, com que suavidade ela procurava se justificar com a filha, desculpando-se, mas se controlando para não perder a calma. É assim mesmo, amor de mãe, amor de mãe é incondicional.
Agora veja só que coincidência mais incrível, leia este texto do papa Francisco que eu encontrei logo em seguida, até postei na minha página no Face:  ‘O diálogo derruba os muros das divisões e das incompreensões; cria pontes de comunicação e não permite que alguém se isole, fechando-se no seu pequeno mundo. Não vos esqueçais: dialogar significa ouvir o que me diz o outro e dizer com mansidão aquilo que penso. Se as coisas correrem assim, a família, o bairro, o lugar de trabalho serão melhores. Mas se eu não deixo que o outro diga tudo o que tem no coração e começo a gritar — hoje grita-se muito — esta relação não terá bom êxito; o relacionamento entre marido e esposa, entre pais e filhos não terá bom êxito. Ouvir, explicar, com mansidão, não agredir o outro, não gritar, mas ter um coração aberto.’”


domingo, 24 de dezembro de 2017

DINDINHA DINOCA, MINHA QUERIDA VÓ

PROFECIAS


Ontem, alguma coisa que aconteceu, um incidente qualquer, detonou duas lembranças dentro de mim. Lembranças muito antigas que estavam adormecidas. Engraçado, ainda agora estou me lembrando delas, mas do incidente que promoveu a retirada delas de uma gaveta que se encontra no fundo da memória, ah! Isso não consigo recordar, por mais esforços que faça. Bem, vou contar as recordações antigas e, quem sabe, acabo acordando o evento de ontem.
Quando ainda tinha cinco anos... assim contou minha mãe quando eu estava na adolescência e entrei em casa com minha primeira namorada. Disse que, certo dia, minha avó, Dindinha Dinoca, como a chamávamos, profetizou aos presentes na cozinha de sua casa, com um entusiasmo muito grande, olhando para mim:
- Esse meu netinho vai ser padre.
Minha mãe disse que eu não dei tempo a ninguém para se expressar a respeito desse augúrio que me fazia a vó beata, que se sentia frustrada de ainda não ter nenhum neto com inclinação para o sacerdócio. A minha resposta foi tão firme quanto rápida e criou um silêncio tumular.
- Eu não, eu vou casar!
Meu pai riu seu riso de boca fechada, porque tinha muito respeito à sogra, mas pareceu ficar feliz com minha resposta. Minha mãe ficou impassível, mas contou-me anos depois que também não gostou do prognóstico de Dindinha. Vovó ficou triste comigo, mas teve um consolo anos depois porque outro neto, Zito, dos Rezendes ingressou no seminário.
Creio que um ano e pouco se passou depois desse evento, e até hoje me lembro sem ter precisado que alguém me contasse, eu e minha vó estávamos no quintal daquela casa em que viveram os últimos anos em Santa Bárbara. Já era noite e o ar estava agradável e perfumado pelas diversas plantas do quintal amplo. Era noite de lua cheia e ela subia vaidosa e imponente, pouco além da linha do horizonte, exibindo sua elegância e encanto. Não se ouvia nem a respiração de quem estava perto. Eu quebrei aquele encanto com um presságio realista que se confirmaria anos depois da morte de meus avós:
- Dindinha, um dia o homem ainda vai pisar na lua.
- Não fala bobagem menino, se Deus pôs a lua tão alto é pra gente não pisar nela.
Não estou muito seguro, mas parece-me que levei um tapa na boca, nada forte, mas que me fez ficar calado o resto da noite. E dezenas de anos depois, casado e com filhos, vi na televisão de casa, com as crianças e a esposa, o primeiro homem pisar na lua; pensei com meus botões;
- Caramba! Eu tinha razão.
(Inédito, 24 de dezembro de 2017. Geraldo Chacon)


sábado, 16 de dezembro de 2017

VOCÊ ACREDITA EM TUDO QUE LÊ?

Há quem bota fé no que vê na TV e o que lê nos jornais, mas às  vezes é preciso ficar atento. Veja só o que afirmou Walter Duranty, correspondente do New York Times em maio de 1920:
"O governo bolchevique não dura mais de seis meses." 


sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

QUISER É COM S OU COM Z?

Quis e quiser são flexões do verbo querer, que não apresenta "Z" no radical, então é com "S" que se deve escrever.
Agora, veja que fizer e fiz obrigatoriamente devem ser grafados com "Z" porque este já aparece no radical da palavra.

Se você quiser, tudo que eu fizer, farei sempre por você.

Eu fiz tudo que ela quis e faria muito mais só para vê-la feliz. 
*

terça-feira, 21 de novembro de 2017

ELEGIA

Quando minha mãe faleceu, minha irmã Alaíde questionou-me por ter feito poema para meu pai, com quem sempre vivia brigando, e nada fizera para minha mãe. Não soube responder, eu mesmo não entendia o porquê, nem mesmo havia pensado no assunto. Minha mãe sempre fora tudo para mim, sinto que tudo que consegui na vida foi por tê-la ouvido e também porque ela acreditava em mim e não gostaria de decepcioná-la.
A pergunta levou-me a pensar em fazer uma elegia, tipo de poema antigo, do tempo da Grécia clássica, marcado por tristeza profunda. Dias depois veio a inspiração:

SALA VAZIA


Minha sala era vazia,
excelente para ginástica e para a gente descansar.
Minha mãe não vinha em casa
porque não tinha, dizia,
um lugar para se sentar.
Eu devia, pelo menos, colocar nela um sofá.

Comprei sofá, poltrona,
tapete, vaso, mesa de centro
e até uma gravura que pendurei na parede.
Minha mãe veio uma vez,
elogiou muito, adorou tudo:
"Está muito bonito!"

Mas nunca mais voltou,
ficou doente e partiu.
Agora não sei o que fazer
com tanta coisa inútil.

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

O)s Lusíadas em Cabo Frio, visto por Jiddu Saldanha

      Quem viu, viu, quem não viu, perdeu. Um dos trabalhos mais surpreendentes dos últimos tempos, em Cabo Frio. O poeta, professor, escritor e ator Geraldo Chacon, abrilhantou nossa noite. Já tínhamos tido um gostinho quando ele apresentou uma versão resumida deste trabalho no FesTSolos IV. Um evento de solos teatrais que aconteceu nos dias 07, 08 e 09 de Julho. Foi uma apresentação que deixou um gostinho de quero mais e este “quero mais” aconteceu, justamente, este final de semana agora, dias 03 e 04 de Novembro no espaço cultural USIN4.
      Geraldo fez uma estilosa triangulação em cena. O espetáculo não tinha uma "gordurinha" sequer, ótima execução técnica, com boa iluminação e ambientação sonora de primeira. O texto de Camões, adaptado para ser ouvido, com uma maestria que poucas vezes vi. Um poema épico, adaptado para teatro é, sem dúvida, um grande desafio. Havia, também, no espetáculo, um humor fino e intelectual, é desses trabalhos que chama as pessoas de inteligente por tabela. O público sai se sentindo melhor e, claro, com orgulho da nossa pátria mãe portuguesa. Não é sempre que se tem um espetáculo consagrado à língua bem falada, por excelência, e tudo sem ser chato, professoral ou pedante.


      Angelah Dantas arrasou na direção. Deixou Geraldo solto em cena, mas com proposta de movimentação bem definida. As transições das personagens eram suaves e o ator mantinha uma palheta vocal que não passava cansaço ou ansiedade ao público. O trabalho terminou na hora certa e rendeu um gostoso bate-papo em que, Geraldo deixou fluir sua generosidade, distribuindo seus livros ao público que, depois, foi convidado pelos donos do espaço USIN4 a curtir uma rodada de conversa degustando as delícias da cantina “Catatempo". 

      Parabéns para toda a equipe "camoniana". Voltem sempre! Cabo Frio espera ainda ver mais deste tipo de linguagem. Quem sabe no "Poesia de Cena" de 2018? Vamos aguardar.

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

OS LUSÍADAS EM CABO FRIO RJ

VELAS ABERTAS, PROA APONTANDO PARA CABO FRIO. 
QUANDO?  DIAS 3 E 4 DE NOVEMBRO; 
ÀS 20:00 chegue meia hora antes para garantir seu ingresso.

POR MARES NUNCA DANTES NAVEGADOS é o título desse monólogo, dirigido por Angelah Dantas.

ONDE? No USIN4 que fica à rua Geraldo Abreu, 4, Cabo Frio, perto da Rodoviária. Referência: próximo da Henrique Terra.

Veja o que disse o cartunista Sendino: "Adorei o espetáculo, a adaptação de Os Lusíadas. Nunca imaginei que Camões ficasse bem em teatro, e ficou. Se isso já foi feito antes, não tenho notícia. Adorei a interpretação de todos os personagens, transmitindo emoção, da velhinha encarquilhada ao Gigante Adamastor. E adorei também as marcações de cena, o apito, as roupas, a representação cenográfica e sobretudo o som, perfeito para cada ocasião. Acho que o mesmo ator, desde que seja bom – como foi –, combina mais com o clima simbólico do espetáculo. Mais atores, na minha opinião, exigiria também uma superprodução, com cenários mais realistas. Do jeito que está, tudo fica 'redondo'."

sábado, 16 de setembro de 2017

NÃO TENHO MEDO DA MORTE

Pensando em um poema canção de Gilberto Gil e lembrando-me do meu velho pai, escrevi:

POEMA PROSAICO


Meu pai se foi,
embora tenha adiado esse dia por muito tempo.
Acreditou até que não iria mais.
Certa vez me disse que todos de seu tempo já tinham partido.
“Só eu que não!” Dizia ele com muito orgulho.
Mas como dissera Vieira
não há mais garantia que está perto nossa vez
do que o fato de termos durado muito.

Quando será a minha?
Sim, comigo não será diferente.
Não ficarei para semente.
Só espero que meu trem não demore
e que o maquinista não me esqueça na estação.
Afinal de contas, depois dos setenta
parece-me estar fazendo horas extras
e sempre gostei de ir pra casa cedo.

Se partir sem dor nem conflito
ficarei contente;
já escrevi meus livros,
Já criei meus filhos,
Já plantei muitas árvores,
- várias em quintais alheios -.
Só falta a terra, mãe sempre acolhedora,
 agasalhar-me em seu seio.


Oh, Gaia adorada! Não me deixe virar
uma ruína encarquilhada!
Abraça-me enquanto ainda me sinto homem
e posso possuir-te como se fosse
a última mulher amada.

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

POEMA DE AMOR

Estava organizando alguns livros que estavam  fora de seus lugares, quando de dentro de um deles cai um papel amarelado e meio amassado; li e era um antigo poema meu. Fui no meu último livro de poesia, onde deveriam estar todos meus poemas e este lá não aparecia. Por que seria? Teria eu descartado o coitado por julgá-lo ruim? Será que quando fiz a organização dos poemas este já estaria perdido naquele tempo? Procurei meus dois primeiros livros e lá também o abandonado não aparecia! Mistério! Veja se ele é tão ruim assim que devia ser jogado no lixo. Dê sua opinião nos comentários, se for o caso eu mando para o lixo. Você decide!


NO ENCALÇO DO AMOR

Vejo desfazer-se em pedaços
meu poema de amor.
Caem os versos como pétalas de uma rosa fenecida.
E os traços escassos de meus sonhos lassos
diluem-se todos.

Mas continuo lutando, enfim, sem descansar,
pois sei que entre vitórias e fracassos,
hei de encontrar o sol dos sonhos meus
acampado nas curvas de teus braços.

Sol se pondo na Lagoa de Araruama, foto de Janice Rugani.

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

VOCÊ AINDA PODE ASSISTIR A "OS LUSÍADAS" aproveite!


SÁBADO DIA 26, ÀS 19 HORAS, última apresentação, chegue antes para comprar seu ingresso. Quem comprar antes das 18:30 terá desconto especial.

Veja trecho de um ensaio de 2009, disponível no YouTube;
Clique aqui

terça-feira, 8 de agosto de 2017

CABO FRIO VAI RECEBER OS LUSÍADAS

VELAS ABERTAS, PROA APONTANDO PARA CABO FRIO. 
QUANDO?  DIAS 3 E 4 DE NOVEMBRO; 
ÀS 20:00 chegue meia hora antes para garantir seu ingresso.

POR MARES NUNCA DANTES NAVEGADOS é o título desse monólogo, dirigido por Angelah Dantas.

ONDE? No USIN4que fica à rua Geraldo Abreu, 4, Cabo Frio, perto da Rodoviária. Referência: próximo da Henrique Terra.

Veja o que disse o cartunista Sendino: "Adorei o espetáculo, a adaptação de Os Lusíadas. Nunca imaginei que Camões ficasse bem em teatro, e ficou. Se isso já foi feito antes, não tenho notícia. Adorei a interpretação de todos os personagens, transmitindo emoção, da velhinha encarquilhada ao Gigante Adamastor. E adorei também as marcações de cena, o apito, as roupas, a representação cenográfica e sobretudo o som, perfeito para cada ocasião. Acho que o mesmo ator, desde que seja bom – como foi –, combina mais com o clima simbólico do espetáculo. Mais atores, na minha opinião, exigiria também uma superprodução, com cenários mais realistas. Do jeito que está, tudo fica 'redondo'."

sábado, 5 de agosto de 2017

INGRESSOS PARA OS LUSÍADAS, ADAPTADO PRA TEATRO

POR MARES NUNCA DANTES NAVEGADOS é o título da adaptação que fiz da epopeia Os Lusíadas para teatro. Ainda é possível conseguir ingressos no local da apresentação: rua Coronel Doring, 71 - Araruama, perto da Pizzaria Na Lenha, que fica do lado oposto ao Cinema do Shopping, mais próximo da Lagoa de Araruama do que do Shopping. Venha conhecer!


segunda-feira, 31 de julho de 2017

QUEM VIU EM RIO DAS OSTRAS GOSTOU e você de Araruama?

Então venha ver e comprove se é verdade ou mentira. Venha ver

  POR MARES NUNCA DANTES NAVEGADOS 
no Espaço Multicultural Gene Insanno, que fica à rua Coronel Doring, 71, quase caindo na Lagoa de Araruama. A peça começa às 19:00 horas com tolerância de atraso de apenas 5 minutos. Depois do espetáculo haverá uma palestra com o ator sobre os gêneros literários.




quarta-feira, 26 de julho de 2017

VIVOS EM DIA DE FINADOS

No dia de finados, em 2015, entrei no cemitério de Araruama, para fazer uma foto minha em cima de um túmulo; brincadeira para postar no Face. Depois, em casa, vendo a foto, veio-me a ideia do poema que vou postar;
DIA DOS VIVOS  02/11/2015

Somente sêmen;
semente plantando sonhos
na alma da gente.
Se mente com sentimentos,
semeia tormentas.
Tremem na mente os medos;
arremedos de sonhos
que podiam ser bons.

Mas um dia você volta, cheia de promessas;
somem da mente os pesadelos,
pesados modelos de sofrimentos.
Calam-se em lodo os lamentos
e os lábios meus entoam hinos,
cantam cantos de louvor
e as sílabas em aliterações
voltam a semear sonhos em nossos corações.

como sou fraco! Evoé, Baco!

Queria colocar a foto aqui, mas ela se perdeu no labirinto de arquivos. 

sexta-feira, 7 de julho de 2017

AGORA EM ARARUAMA Por mares nunca dantes navegados

Estaremos em cartaz durante o mês de agosto
todos os sábados, às 19 horas,
no Espaço Cultural Gene Insanno
com nossa adaptação de Os Lusíadas.
O teatro fica na rua Cel Doring, 71, do lado da Baterama, 
antes de chegar à Lagoa de Araruama.

POR MARES NUNCA DANTES NAVEGADOS
é o novo e definitivo título da peça.

domingo, 2 de julho de 2017

CUIDADOS COM RESULTADOS DE EXAMES DOS LABORATÓRIOS



NÃO ERA UM TUMOR, MAS UM TERROR.


Não era um tumor, mas um terror. Ela se desesperara ao chegar em casa e abrir o envelope com o resultado do exame. Não sabia como aguentara fazer a viagem de ônibus com aquilo na bolsa, curiosa, sem abrir. Talvez por medo, sim, a curiosidade era grande, mas o medo era muito maior. Agora, não, estava em casa, seu lar, sentia-se protegida pela presença da ausência dos filhos e do marido. Estava só em casa, crianças na escola, marido no trabalho e ela ali, reinando, rainha solitária com poder, sim, poder de fazer o que quisesse e ela queria muito ver o que havia naquele resultado de exame. Abriu, leu, leu de novo, não dava para acreditar, 20 centímetros, era isso mesmo, estava lá, por escrito e assinado, vinte centímetros. Era enorme o tumor, como não sentia nada? Bem, lembrou-se de uma vez que o Dr. César, seu gastroenterologista examinou-a com as mãos, depois olhou bem para ela e perguntou se sentia dores, ela disse que não. Ele disse que ela estava com pedra na vesícula. E pediu um exame, encaminhando-a para o Lavoisier. Feito o exame, voltou ela tão feliz, triunfante e disse ao médico que não tinha nada. Ele não se conformou:
            - Será que eu errei? Bem, posso errar, mas é difícil. Desculpe-me, mas vou pedir para você refazer o exame, em outro laboratório.
            Não errara! Ficou confirmado e no mês seguinte realizou a operação retirando duas pedras da vesícula. A história se repetiu, em outra ocasião, fazendo exame de rotina, disse-lhe que estava com aquela bactéria chata, a k y esqueci o nome, ah! Lembrei, Hpilore ou agapilore.  Dr. César perguntou se sentia dor. Ela dissera não ter nada, não sentir dor, mas o exame confirmou e passou dias tomando aquele monte de remédio para matar a bichinha importuna. Agora essa merda de exame denunciava que embora não sentisse dor, estava perto da morte. Um tumor de vinte centímetros. Não queria sofrer tudo aquilo por que vira passar sua sogra. Melhor seria dar logo um fim à sua vida. Decidiu rapidamente o que fazer e como. Tinha que aproveitar esse momento de absoluta solidão. Deixaria uma carta explicando tudo, com o exame do lado, haveriam de entendê-la. Não só a si mesma, mas também a todos, livraria de muitos dias de sofrimento. Melhor sofrer tudo de uma vez só.
            O marido chega do trabalho, à noite, e encontra a mulher chorando sem parar, em pânico, sem conseguir falar, se torcendo toda, gemendo, ganindo, parecendo um animal ferido em desespero. Mas fazia aquilo não muito alto, se contendo, porque as crianças já estavam dormindo. O marido não conseguiu obter dela uma explicação, porque as palavras poucas que pronunciava eram incongruentes. Dizia que não conseguira se matar porque lembrara das crianças,  ficou adiando, mas quando as crianças chegaram da escola, absurdo, ela tinha conseguido sorrir e fazer tudo como todo dia, até que as crianças foram dormir, só então se descontrolara. Mas por que se matar? Que ideia idiota foi essa? Mas as perguntas do marido não eram respondidas e nova crise de choro e gemidos vinham deixá-la em verdadeiro delírio. Ele não se aguentou, fez o que já vira em filmes e no teatro, esbofeteou a esposa. Com os tapas, ela pareceu voltar à realidade. Chorou mais manso, mais humanamente e conseguiu contar tudo a ele.
            - Calma! Fique calma! Vamos ver isso. Deixe-me ver esse exame.
            Ela entregou o envelope, ele abriu, leu e sorriu.
            - Sua tonta! Já falei tanto para você não ler os resultados antes do médico. Isso aqui só pode ser erro burro, erro do cretino que datilografou isso. Venha cá, veja só; vinte centímetros é o meu palmo, olha aqui, do mindinho até o polegar, com minha mão aberta, dá exatamente vinte centímetros. Agora, deixa eu apalpar sua barriga, isso, aqui, veja, sinta, estou apertando e não sinto nada. Se houver algo, deve ser minúsculo.
            - Será possível?
            - Claro, amor. Tenho certeza, o cara errou ao colocar a vírgula. Deve ser algo menor do que um quarto de centímetro. Deve ser 0,20 e não 20 centímetros. Sabe o que deve ser? Óvulo. É isso! Você vai ficar menstruada, pode apostar!
            E acertou. Ela conseguiu uma consulta no dia seguinte, alegando necessidade urgente. O médico quando viu aquilo e a examinou exasperou-se, xingando alguns palavrões. Realmente, o estúpido, o cretino do sujeito deveria ser demitido por tanta incapacidade. A coisa era menor ainda do que supunha o marido; o sujeito escrevera 20 quando deveria ter escrito 0,02. Veja só como vírgula e zero podem ser importantes e significativos.

terça-feira, 6 de junho de 2017

POR MARES NUNCA DANTES NAVEGADOS é elogiado

"Galera, não percam o espetáculo desta noite no teatro. Uma aula de teatro. Uma aula de interpretação. Uma aula de direção. Um texto impecável. NÃO PERCAM. Quem faz e estuda teatro tem muito a ganhar."

Ass.: Carlos Henrique Pimentel (Fundação da Cultura de Rio das Ostras)

Eu e a equipe de Operários da Arte agradecemos de coração.

domingo, 4 de junho de 2017

OS LUSÍADAS NO TEATRO POPULAR DE RIO DAS OSTRAS

SUCESSO! Nossa temporada em Rio das Ostras foi muito agradável, as quatro apresentações foram bem recebidas pelo público que demonstrou surpresa e elogiou muito o nosso trabalho. 
Obrigado pessoal de Rio das Ostras. 
Obrigado a Angelah, Eliandro e Victor.


domingo, 28 de maio de 2017

ESSA MENINA É UMA GRAÇA

Ela estava treinando, houve falhas, mas ficou tão gracioso que vou compartilhar e espero que vocês gostem.

quarta-feira, 24 de maio de 2017

MENINA PRODÍGIO

Ela me elogia, mas quem merece os maiores elogios é essa criança prodígio, veja o vídeo que ela fez para divulgar meu trabalho. Ela mesmo filma: DIVULGANDO OS LUSÍADAS PARA TEATRO

quarta-feira, 17 de maio de 2017

sábado, 29 de abril de 2017

SAIU MEU NOVO LIVRO DA FUVEST PRA 2018

Divulguem para professores e estudantes do ensino médio:

clique aqui

https://agbook.com.br/book/211452--NOVO_LIVRO_DA_FUVEST

sexta-feira, 7 de abril de 2017

ELA É UMA CADELA SEM VERGONHA



SÓ PENSO NELA

Todo dia, com ardor,
Ela exige prova de amor.
Todo semana, que sacana!
Ela foge e vai dançar.
Todo mês, que tormento!
Ela vem pegar meu pagamento.
Todo ano fico com a barba de molho;
Porque ela me dá mais um pimpolho.
Toda hora, pendurado na janela,
Eu só penso nela,
Mesmo sabendo que é uma cadela.
Pode sair, voar como perdiz,
Só sua volta me faz feliz.
Creio que assim fico
De tanto ouvir as canções do Chico. (2 de abril de 2017)

quinta-feira, 30 de março de 2017

CANTIGA DE AMIGO MODERNA




ENFIM CASADA


Você despontou naquela esquina,
Senti no coração uma pontada,
De repente voltei a ser menina:
Deslumbrada, enamorada, apaixonada.

Você me pediu uma informação
E eu gaguejando, que coisa horrível,
confessei com sincera emoção
que estava sozinha, disponível.

Você mudou na hora seu caminho,
Abraçou-me pra cruzar a avenida.
Só isso para mim já foi carinho
E me senti apaixonada e protegida.

As nossas mãos se prenderam em nós, 
Tínhamos à frente nova vida.
Eu não mais me sentia a sós,
Agora era amada e protegida.

Agora nós dois somos apenas um
E nossa existência um conto de fada,
E não vejo à frente problema nenhum
Porque além de querida, estou casada. (Geraldo Chacon, inédito, 25/03/2017)

* Obrigada Luciana Teixeira e minha amiga Sol, pela visita e amável comentário.