CRONOS E CRÔNICAS
Lembro-me de
um professor contar-me, há muito tempo, que os gregos diziam que antes de haver
mundo, universo, reinava sobre o nada uma divindade chamada Caos, mas que
depois veio Érebo, a noite, e em seguida Uranos e Gaia, ou seja, o céu e a
nossa mãe terra. Uranos se apaixonou por Gaia e com ela gerou vários filhos,
mas um deles, Cronos, nasceu com complexo de Édipo, foi muito antes de Freud, é
claro, e por isso mesmo não pode ser tratado e chegou ao extremo. Certo dia, ou
noite, não sei, Cronos com uma foice que passara afiando o dia inteiro, castrou
o pai que vinha cobrir sua mãe. Pegou o pênis ceifado e atirou ao mar. Incrível
o que aconteceu; o apêndice cortado ejaculou e fecundou as espumas das ondas
marítimas, de onde nasce a belíssima Afrodite, deusa do amor.
Dizem alguns
que ele daquele dia em diante passou a se unir à mãe com quem teve filhos e
filhas, mas há controvérsias, há quem diga que foi com a irmã Réia, ou seria
Géia? Sei lá, tanto faz, o importante e significativo é que ele devorava todos
os filhos que nascia. De onde podemos descobrir que Cronos é o deus que
simboliza ou encarna o tempo, tempo que esse que nos gera e nos devora. De
cronos vem cronômetro, cronologia e crônica.
A crônica é um gênero que se transformou
bastante através do tempo. Em nosso idioma, podemos dizer que ela surge para
valer, nãos com os primeiros cronicões medievais, mas com Fernão Lopes, no
período que costumamos chamar de Humanismo. Fernão Lopes faz um belo registro
dos tempos de D. Pedro I e de D. João I, empregando descrições, diálogos,
empregando uma técnica cinematográficas. É fabuloso!
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