MIM TARZAN
Não, não fumo
mais. Não. Nem um, nem outro. Parei de fumar faz tempo. Foi também
quando decidi nunca mais falar inglês. Foi na mesma época. Foi por causa de uma mulher.
Muito louca. Devia ter bebido todas. Eu estava na praia, na praia, é, lá no Rio. A moça foi chegando, sorrindo, maliciosa e
com voz rouca, falando gringo, perguntou pediu se eu não tinha um.
Falei emburrado que tinha, mas tava guardando pra fumar depois,
quando fosse dormir. Ela não se deu por satisfeita, não foi embora,
pelo contrário, chegou junto, encostou, passou o braço por cima do
meu ombro e me deu uma mordiscada na orelha. Riu. E rindo disse que o
meu inglês era ruim que nem meu coração. Em seguida, me deu o
maior chupão no pescoço e enfiou a outra mão por dentro da camisa
e encheu a mão com meus pelos. Falou que meu coração era frio, mas
meu peito era quente. Falou que queria muito dar um bola, mas já que
não havia jeito, então ia fazer outra coisa, e foi levando a mão
por dentro do meu calção e catou meu pênis que já tava meio mastro.
Eu fiquei quieto só pra ver até onde ela ia chegar. Ela envolveu
com a mão e senti meu sexo pulsar dentro da mão dela e começou a
inchar mais rápido. Ela riu muito e disse que ele era big e tava
mais quente que meu peito. Ela puxou com força o calção para baixo
e deitou-se no meu colo, cobrindo meu sexo de beijos e lambidas.
Disse qualquer coisa que eu não consegui entender e encheu a boca
com ele, ficou chupando não sei dizer quanto tempo e eu fazendo uma
força danada pra não gozar logo, queria ficar sentindo aquilo mais
tempo. Tava muuiiito bom. Acho que ela sentiu que eu ia gozar e
parou. Parou seco e com uma das mãos, usando apenas o polegar e o
indicador, ela enforcou meu brinquedo preferido abaixo da glande, é, da cabeça.
Ficou apertando e a vontade de gozar passou. Acho que se ela não
fizesse isso eu iria gozar, mesmo depois de ela ter parado.
Ah! Foiii .. pera
aí, deixa eu ver, tenho 63 anos, naquele ano eu estava com dezoito,
então foi em 1970. Não, a praia não estava toda deserta.
Praia no Rio, em tempo de carnaval, é difícil ficar deserta, mas passava gente longe e nem
prestava atenção em nós. Acho que muita gente estava nas
brincadeiras e folias. Deixa eu terminar.
Eu já tinha
deixado cair todo meu aborrecimento, estava desarmado, relaxado, quer
dizer, quase, porque o tesão tava a mil e aí não se fica muito
relaxado não, mas não estava mais irritado por ela ter vindo me
tirar do meu sossego. Queria que ela continuasse. E ela continuou.
Vendo que eu já estava mudado, porque minha mão já estava alisando
as costas dela, ela levantou e começou a me beijar. Beijamo-nos
muito tempo e eu passei a mão pelos peitos delas. Descarada que só
ela, não ligava para nada. Chegou uma hora lá que ela arrancou meu
calção e atirou pro lado. Parece-me que ela xingou
qualquer coisa, em inglês, empurrou meu peito me deitando, depois deu uma
cusparada na mão, espalhou pelo meu sexo e sentou nele com tudo. Aí,
ficou brincando de cavalinho, subindo e descendo, mas não depressa,
devagar, e dizia qualquer coisa como hot, big, e gemia. Depois,
deixou-se pesar sobre meu corpo e passou a fazer movimentos
esfregando-se em mim, para frente, para trás, para frente e para
trás. Ficou assim um tempão, depois continuou mas fazendo movimento
de um lado para o outro, aí levantava e abaixava e variava os
movimentos. Chegou uma hora que a respiração dela mudou, ficou
alterada, então ela se deitou toda em cima de mim, ficou me
beijando. Senti que ela esticou e juntou as pernas apertando uma
contra a outra, apertava e relaxava, e de novo, gemendo, e ficou
fazendo assim até que gozou. Gritou e eu fiquei preocupado, foi, aí
só é que eu pensei no que tava fazendo. Alguém podia aparecer e
sei lá, podia ser linchado, pô, mas ela tinha gozado e eu não. Não
podia deixar barato, nada disso, virei de modo que ela rolou na areia
e do mesmo jeito que ela tava, eu só dei um balanço assim, ó, de
modo que ela ficou deitada de lado na areia, de costas para mim,
então foi só eu encostar naquela bundinha dela, penetrar fácil porque estava toda molhada mesmo, e aí fui eu que fiquei no vaievem até gozar.
Dei uma mordida na nuca dela quando gozei e ela dizia bom, bom, muito
bom.
Ficamos muito
tempo deitados, um ao lado do outro, olhando as estrelas. Eu
acariciava o rosto dela e percebia uma porção de espinhas, isso,
acne. Nome fresco e chique pra espinha. Para mim, não tem jeito, é
espinha mesmo e pronto. Por todos os lados, então, eu ouvia som das
músicas de carnaval. Antes eu não estava ouvindo nada. Ah, sim,
antes dela aparecer eu ouvia, estava curtindo. Gosto de ficar
isolado, prestando atenção nos sons, na mistura deles, música,
gritos, rojões, buzinas. Essa agitação parece vida e até pode
ser, mas pode ser ilusão. No meio dessa alegria, há bastante
tristeza esprimida. Então, acabou besta, bestamente, teve uma hora
lá que ela sentou, ficou triste, chorou um pouco. Eu pensei logo,
vai me pedir dinheiro, aposto. Mas não, entendi mais ou menos que
ela tinha sido expulsa do hotel e ia dormir num quartinho de um cara,
acho que amigo, tinha oferecido. Eu não podia fazer nada, se levasse
para minha casa, meus pais me matavam. Então, como eu não falava
nada, ela disse que tinha que ir e ao se despedir me disse como se
estivesse tentando falar português, ou... sei lá, sei que entendi
ela dizer “mim Jane”. Não perdi a chance, respondi rápido para
ela, em cima da pinta, “mim Tarzan”.
Depois que ela se foi é que
eu vi como tinha sido burro e ingrato. Burro porque podia ter ido com
ela, para saber onde ia ficar. Ingrato porque podia ter dado meu
cigarrinho para ela, que tinha me dado tanto prazer. Uns três dias
depois, por acaso, porque eu não leio jornal, peguei um jornal pra
ler no meu barbeiro e vi uma notícia de cantora americana
encrenqueira que tinha aprontado nas casas noturnas. Eu tinha
transado com Janis Joplin.
Geraldo Chacon
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