segunda-feira, 26 de novembro de 2012

VIAGEM DE IGARATÁ A JACAREÍ parte II

(Leia a postagem de ontem primeiro) As conversas giram em torno de fatos passados que interligam essas pessoas, brincam umas com as outras, ironizam, riem. Falam de pastelaria e isso é alguma indireta que tem a ver com um outro cobrador que acabara de entrar no ônibus e na conversa. O rapaz fica acabrunhado, todos riem mais ainda. Nem parece uma viagem tediosa de ônibus, é algo mais semelhante a um piquenique ou encontro na mesa de um bar. O tempo corre mais veloz do que o ônibus. Já estamos chegando em Jacareí. Falam da Xuxa e com o tempo descubro que não tem nada a ver com a velha moça da TV, mas com a outra senhorinha que havia entrado depois, que eu chamei de coetânea. A primeira já havia descido, ou apeado do ônibus como diziam na minha terra. A morena desce, em seguida a senhorinha Xuxa, que comenta sobre uma conhecida que estava dançando e, no salão mesmo, caiu e morreu, rapidinho, daí conclui filosoficamente “por isso, não julgo ninguém, tem que aproveitar a vida, porque ela passa muito rápido e não volta mais”. Perco algumas coisas que ela diz e só ouço uma brincadeira quando já está no último degrau da escadinha: “...eu dou uma por mês”. Fiquei admirado, mas ela explicou sorrindo “todo dia 5 eu dou uma... ajuda para o meu marido, ajudo a pagar o aluguel” e se foi, deixando um sorriso em cada rosto. Essa é a vida que devemos ter. Isso é uma cidade em que ainda podemos recuperar nossa cultura popular. Esse é o verdadeiro povo brasileiro.
                Agora é domingo, quando estou registrando isso, e o programa Word avisa-me que está errado o que escrevi acima “chegando em Jacareí”, eu sei, a língua culta avisa que devemos usar a preposição “a”, mas eu não quero a língua erudita, quero a fala do povo, “a língua errada do povo, língua certa do povo, porque ele é que fala gostoso o português do Brasil”, como dizia Bandeira.
Por de sol em Santa Isabel, foto de Janice Rugani

Nenhum comentário: