Não me importo com rimas. Raras vezes
Penso e escrevo como as flores têm cor
Mas com menos perfeição no meu modo de exprimir-me
Porque me falta a simplicidade divina
De ser todo só o meu exterior.
Olho e comovo-me,
Comovo-me como a água corre quando o chão é inclinado,
E a minha poesia é natural como o levantar-se o vento...
Comentário:
Poema metalinguístico de Caeiro, já que trata da própria atividade de escrever, do seu
estilo de composição. Justifica seu verso livre, sem preocupação com rima ou
métrica, não por proposta modernista, mas como resultado de sua postura natural
perante a vida e a natureza. Seus versos são livres e diferentes entre si,
assim
como as árvores também são distintas uma das outras. Fernando Pessoa em cartas
e anotações explica algumas coisas que foi descobrindo, enquanto escrevia para
Alberto Caeiro. Por exemplo, Caeiro era doente dos pulmões, por isso, dos
heterônimos foi o que morreu mais moço.
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