A HORA E VEZ DE AUGUSTO MATRAGA
de João Guimarães Rosa
condensado e analisado por
Geraldo Chacon
INTRODUÇÃO
Publicado pela primeira vez em
1946, o livro Sagarana constitui uma
obra-prima da produção de Guimarães Rosa, revelando uma linguagem literária
inovadora, repleta de rupturas sintáticas e um léxico mágico, tal a combinação
de neologismos e regionalismos.
Dos nove contos, todos
magníficos, costuma-se destacar a história do valente Augusto Matraga que, de
valentão e mau, converte-se em santo justiceiro. A estória de Augusto Matraga
(regional), é uma verdadeira saga do
homem na sua travessia por esta existência (universal). Matraga pode ser visto
como o homem no sentido universal, assim como já o fez o cineasta Werner Herzog
ao contar a história de Kaspar Hauser no filme O Enigma de Kaspar Hauser. A trajetória de Matraga como que recria
simbolicamente a evolução do ser na sua luta pela aprendizagem do viver e da
ascensão espiritual.
SÍNTESE DO ENREDO
O valente Nhô Augusto vive
despreocupado com as dívidas em farra e valentia. Não cuida de sua mulher
Dionóra , nem de sua filha. Sua mulher foge com outro, Ovídio. Seus capangas
passam para outro patrão, Major Consilva. Só fica com ele o Quim, que se diz
covarde. Na busca de vingança, Augusto é surrado pelos próprios capangas com os
antigos guarda-costas do Major. É dado por morto, quando cai todo arrebentado
em uma pirambeira.
Augusto é socorrido por um casal
e, depois de muito sofrer, recupera-se da surra. Arrepende-se de seus pecados e
luta por sua salvação. Não bebe, não fuma, não olha para mulher, não procura
ganhar dinheiro. Trabalha muito para ajudar os outros e para mortificar seu
corpo. Conhece Joãozinho Bem-Bem que se torna seu amigo e admirador,
convidando-o a ingressar no bando. Augusto recusa e o jagunço parte.
Tempos depois, Augusto viajando
num jumento, chega ao arraial do Rala-Coco, onde reencontra o valentão Joãozinho Bem-Bem, que
renova o convite. Joãozinho vai executar uma família, porque um de seus membros
matara Juruminho à traição, quando lá chegaram. O pai da família implora
piedade em nome de Jesus e Maria. Comovido, Augusto decide tomar seu partido e
luta contra o bando e Joãozinho. Brigam com lealdade e valentia. Morrem os
dois, mas contentes porque se reconhecem como homens de coragem, que se
enfrentaram com dignidade. O conto já foi adaptado para cinema e teatro.
* Se você tiver interesse por meu trabalho completo sobre essa obra ou qualquer outra de nossa literatura, entre em contato:
gchacon2003@yahoo.com.br
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