CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
Está pronto o estudo sobre estes 5 livros: ALGUMA
POESIA, SENTIMENTO DO MUNDO, A ROSA DO POVO, CLARO ENIGMA, CORPO. (Se tiver interesse, entre em contado pelo e-mail gchacon2003@yahoo.com.br )
ALGUMA POESIA
APRESENTAÇÃO
Essa obra de estreia (1930) foi dedicada por Drummond ao
amigo Mário de Andrade, demonstrando sua ligação não só com o primeiro tempo
modernista, mas também com muitos traços estéticos
característicos das conquistas da fase heróica do movimento. O livro Alguma poesia mantém aquela procura do humor e da
ironia, expressa através de poema-piada, semelhante à produção oswaldiana, como
no anedótico poema “Anedota búlgara”
Era uma vez um
czar naturalista
que caçava
homens.
Quando lhe
disseram que também se caçam borboletas e
[andorinhas,
ficou muito
espantado
e achou uma
barbaridade.
Outra
conquista modernista, preservada por Drummond, é o registro do banal cotidiano,
transformado pela magia da palavra em assunto poético. Acresce dizer que a
linguagem abandona o estilo verborrágico e pomposo, predominante em nossas
letras desde o barroco, em troca de uma linguagem coloquial, prosaica mesmo
(antilirismo), que se revela mais adequada ao tema e ao tempo. Um exemplo disso
pode ser visto em “Poema do jornal”:
O fato não acabou de
acontecer
e já a mão nervosa do
repórter
o transforma em
notícia.
O marido está matando a
mulher.
A mulher ensanguentada
grita.
Ladrões arrombam o
cofre.
A polícia dissolve o meeting
A pena escreve.
Vem da sala de
linotipos a doce música mecânica.
Para encerrar este tópico, lembramos
que em seus poemas predomina o versilibrismo, ou seja, o emprego de verso livre
(também conquista do primeiro tempo modernista)*, embora possam ser encontrados
alguns poucos poemas isométricos, nos quais aparecem versos redondilhos, de
cinco sílabas (menor) ou de sete sílabas (maior).
Apresentaremos
poemas escolhidos de Alguma poesia
segundo a divisão temática realizada pelo
poeta em sua antologia, com a mesma titulação por ele empregada. (Continua o trabalho com a transcrição de vários poemas comentados ou analisados.)
BIOGRAFIA
Carlos Drummond de Andrade nasceu no
quadrilátero ferrífero, na cidade de Itabira, Minas Gerais, em 1902, e faleceu
no Rio de Janeiro, em 1987. Sua família era ligada às tradições dos povoadores
de sua região, constituída principalmente por mineradores e fazendeiros. Por
isso, mais tarde, o poeta daria a uma de sua obras o título Fazendeiro do ar. Drummond estudou em
Belo Horizonte, no Colégio Arnaldo, onde conheceu Gustavo Capanema e Afonso
Arinos de Mello Franco, que seriam amigos e companheiros de atividade política
e vida intelectual. Abandonou os estudos por motivo de saúde, mas retornou à
vida escolar, em 1918, ingressando no Colégio Anchieta, da Companhia de Jesus,
em Nova Friburgo (RJ), de onde foi expulso no ano seguinte, depois de um
problema com seu professor de Português. Sobre o incidente, disse ele: “A saída brusca do colégio teve influência
enorme no desenvolvimento dos meus estudos e de toda a minha vida. Perdi a Fé.
Perdi tempo. E sobretudo perdi a confiança na justiça daqueles que me julgavam.
Mas ganhei vida e fiz alguns amigos inesquecíveis”.
Drummond formou-se em Farmácia, mas
acabou ingressando no funcionalismo público e dedicando-se ao jornalismo e à
literatura. Iniciou-se no Modernismo em Belo Horizonte, no grupo de Revista. O poeta mudou-se mais tarde
para o Rio de Janeiro, onde fixou residência até seus últimos dias. Em 1977,
Drummond foi escolhido como o maior poeta vivo do mundo. Em 1987, perdeu sua
filha querida, Maria Julieta, vítima de câncer. Já doente, o poeta apresenta-se
a partir de então muito abatido, desolado mesmo. Uma dúzia de dias depois, em
17 de agosto, Drummond despediu-se de nosso mundo, deixando inéditas, para
publicação póstuma, as obras: O avesso
das coisas, Moça deitada na cama,
O amor natural e Farewell.
* O termo meeting significa passeata, manifestação pública.
* Cuidado para não confundir verso livre com “verso branco”, que é aquele em que não há rima, mas mantém a preocupação com a métrica e um ritmo preestabelecido. O verso livre radicaliza sua rebeldia, abandonando não só a rima, mas toda e qualquer preocupação com medidas regulares e ritmos tradicionais. Um verso longo, pode ser sucedido por outro curtíssimo.
* Cuidado para não confundir verso livre com “verso branco”, que é aquele em que não há rima, mas mantém a preocupação com a métrica e um ritmo preestabelecido. O verso livre radicaliza sua rebeldia, abandonando não só a rima, mas toda e qualquer preocupação com medidas regulares e ritmos tradicionais. Um verso longo, pode ser sucedido por outro curtíssimo.
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