Já no largo Oceano os
lusos navegavam, os ventos brandamente respiravam, inchando as velas côncavas
das naus; e as proas vão cortando as marítimas águas. Enquanto isso, os Deuses
no Olimpo luminoso, se reúnem em concílio glorioso, para tratar das cousas
futuras do Oriente. Estava Júpiter, sublime e digno, num assento de estrelas
cristalino, com gesto alto, severo e soberano. Mais abaixo estavam os outros
Deuses, todos assentados em brilhantes tronos, enfeitados de ouro e de pérolas.
Nisso, Júpiter falou alto com um tom de voz grave.
JÚPITER – Eternos moradores do luzente: bem conheceis o grande valor da forte gente lusitana, pois nesse momento ela está atravessando o mar duvidoso em lenho leve, por vias nunca usadas, e sem temer a força dos ventos a mais se atreve: Inclinam seu propósito e porfia a ver os berços onde nasce o dia. A mim parece bem feito que lhe seja mostrada a nova terra que deseja.
CAMÕES – Estas palavras Júpiter dizia, quando os Deuses, por ordem respondendo, na sentença um do outro diferia. O deus Baco, por exemplo, não concordava com o que Júpiter dizia, pois sabia que esqueceriam seus feitos no Oriente se lá passasse a Lusitana gente. Voltava-se contra Baco a bela Vênus, pois ela era afeiçoada à gente Lusitana porque via nela qualidades da sua antiga gente Romana. (...) E o deus Marte a defendia ou porque o amor antigo o obrigava, ou porque a gente forte o merecia. Então Marte disse assim:
MARTE – Ó Pai, se a esta gente que busca outro Hemisfério tanto amaste, não deixe que padeçam injúria ou vergonha, e como há já tanto tempo que a decisão tomaste, não voltes atrás. Ordene logo a Mercúrio ligeiro que vá mostrar aos lusos terra onde se informe sobre a Índia.
2 comentários:
Posso compartilhar?
Claro que pode, obrigado.
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