Faço um estudo da obra FREI LUÍS DE SOUSA no primeiro livro, e no segundo, para a FUVEST, analiso VIAGENS NA MINHA TERRA, ambos do romântico português Almeida Garrett.
BIOGRAFIA
João Batista da Silva Leitão de Almeida Garret nasceu a 4 de fevereiro
de 1799, na cidade do Porto. O sobrenome Garret foi tomado de um ascendente
irlandês do pai. Aos cinco anos de idade, Garret vive nas quintas do Castelo,
às margens do rio Douro, perto do Porto. Depois da invasão francesa, a sua
família muda-se para Lisboa e em seguida para a ilha Terceira, nos Açores.
Nesse período, por volta de 1808, Garret inicia os seus estudos, completados
entre 1811 e 1814 pelo frei Alexandre, seu tio, que lhe proporcionou boa
formação vernácula e o introduziu na vida eclesiástica.
Em 1815, Garret abandona a batina e
parte para Lisboa, matriculando-se, no ano seguinte, na Universidade de
Coimbra, onde estuda Direito. Nos três anos seguintes, Garret adere às ideias
liberais, escreve uma tragédia, Xerxes,
e encena outra, Lucrécia. Dedica-se,
com afinco, à leitura dos românticos principalmente de Chateubriand.
Garret participa da Revolução
Liberal, a 24 de agosto de 1820, e luta contra o absolutismo. Participa do
movimento acadêmico que reivindicava o direito de voto dos estudantes, nas
eleições democráticas instituídas pela Revolução. Em 1821, forma-se em Leis e
encena sua tragédia Catão. Nesse
mesmo ano, conhece Luísa Midosi, com quem se casa no ano seguinte.
No ano do seu casamento, torna-se
motivo de escândalo e sofre um dissabor. A publicação do poema O Retrato de Vênus, desperta muitas
críticas por parte da imprensa conservadora, que julgava a obra obscena. Garret
é processado, mas consegue ser absolvido. Em 1823, após a contrarrevolução, que
introduz outra vez o absolutismo em Portugal, Garret vê-se constrangido a
refugiar-se na Inglaterra, deixando em Lisboa sua mulher. Procura regressar
clandestinamente a Portugal, mas é apanhado e exilado imediatamente para a
Inglaterra, onde trava conhecimento com a literatura romântica inglesa,
principalmente com a obra de Byron e de
Scott.[1]
Em 1824, por problemas financeiros
troca a Inglaterra pela França, onde, influenciado pelo Romantismo, escreve os
poemas Camões e Dona Branca, obras que servem de marco inicial para o movimento em
Portugal. Com a Carta Constitucional outorgada por d. Pedro IV (que foi D.
Pedro I no Brasil), criando um meio termo entre o absolutismo e o liberalismo,
Garret pode voltar a Portugal, reingressando no serviço público. Nesse período,
funda e dirige um jornal liberal, O
Português. Nessa época a contrarrevolução miguelista, adquire forças e D.
Miguel é proclamado legítimo rei de Portugal, com consequente volta do
absolutismo. Garret foge de novo para a Inglaterra, fixando-se em Londres e
depois em Birmingham. Em 1831, funda em Londres um jornal, O Precursor, através do qual anima os liberais a se reunirem em
torno de d. Pedro. A partir da França, uma expedição militar, de que ele faz
parte, sai para combater d. Miguel.[2]
Em
junho de 1832, essa expedição sai de São Miguel, nos Açores, e um mês depois,
desembarca próximo do Porto e toma a cidade. Durante esses eventos, Garret
inicia seu romance O Arco de Santana
e colabora na redação dos códigos criminal e comercial. Nesse mesmo ano, vai à
Inglaterra e França em missão diplomática para conseguir apoio à causa liberal.
No ano seguinte, consolidado o liberalismo, Garret é nomeado secretário de uma
comissão encarregada de propor um plano geral de educação e ensino público. Em
1834, é nomeado cônsul geral e encarregado de negócios junto ao governo da
Bélgica.
Em 1836, volta a Lisboa e divorcia-se
de Luísa. Funda o jornal político O
Português Constitucional e elabora um plano para a fundação e organização
do “teatro nacional”. É nomeado inspetor geral dos teatros e espetáculos
nacionais. Em 1837, é eleito
deputado, funda o jornal Entreato - Jornal
de Teatros e casa-se com Adelaide Pastor. Em 1841, vê morrer sua mãe e
também sua mulher. Em 1842, consegue eleger-se deputado pela terceira vez e
continua a brilhar na tribuna e na imprensa política. Interfere decisivamente
na discussão da reforma do ensino em Portugal e combate o aumento dos impostos.
Em 1846, depois da revolução
denominada “Maria da Fonte”, Garret é reconduzido ao cargo de cronista-mor do
reino. Nos quatro anos seguintes, Garret deixa a vida política, reduz a
atividade literária, que é substituída por intensa vida social. Em 1850, apesar
de sua oposição ao governo, torna-se vogal da comissão para o monumento a d.
Pedro IV, reabilitando, dessa forma o seu prestígio.
Em 1851, Garret é nomeado ministro
plenipotenciário para tratar de uma convenção literária entre seu país e a
França, recebe o título de visconde e ainda consegue eleger-se deputado mais
uma vez. Em 1854, abandona a vida política e social, recolhendo-se em seu lar,
sempre acompanhado de sua filha Maria Adelaide. A 9 de dezembro do mesmo ano,
Almeida Garret falece, em Lisboa.
BIBLIOGRAFIA
Poesia: O Retrato de Vênus (1821), Camões (1825), Dona Branca (1826), Adosinda
(1828), Lírica de João Mínimo (1829) Flores sem Fruto (1845) e Folhas Caídas (1853). Prosa de ficção: Arco de Santana
(1845/50), Viagens na Minha Terra (1846).
Teatro: Catão (1822), Mérope (1841), Um Auto de Gil
Vicente (1842), Frei Luís de Sousa
(1844).
[1] Entre as biografias
não vi referência a isso, mas aposto que também bebeu em outra fonte; Laurence
Sterne, que já publicara (entre 1759 e 1770) o seu romance digressivo A Vida as Opiniões do Cavalheiro Tristram
Shandy.
[2]
Os eventos de então são
utilizados na construção do protagonista Carlos (de A Menina dos Rouxinóis), que pode ser visto como um alter ego de Garrett.
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