PALAVRAS DE AMOR
Quantas palavras de amor
Embelezam a sua canção?
Quantas palavras de amor
Moram em seu coração?
Quantas palavras de amor
Tristes definham à míngua!
Quantas palavras de amor
Morrem na ponta da língua!
ELEGIA
− Onde vais
minha mãe?
− Vou ali e
volto logo.
Vou aplicar
uma injeção
numa senhora
doente.
Sai minha
mãe para o escuro
e eu menino
em casa sozinho.
Outra noite,
outra lua,
mas é a
mesma história;
Lá vai minha
mãe para a rua.
− Onde vais
minha mãe?
− Vou ali,
mas volto já.
Só vou pôr
essas flores num anjo.
Eu via sua
sombra passando pela porta.
Lá ia minha
mãe enfeitar uma criança morta.
E eu de cara
na parede chorava em casa sozinho.
Outro
semana, outro mês
E a essa
história continua.
Ajudando os
necessitados,
mamãe
enfrentava a noite nua.
Os filhos de
várias idades
já se fazem
companhia.
Os anos
assim se passaram
sem que nada
se alterasse,
nem mesmo com
a velhice
que próxima
se fazia.
Mas como
sempre acontece na ficção e na vida,
um dia a
coisa muda, a minha mãe mudou.
Não saiu
mais de casa, caiu de cama,
meses depois
piorou.
− Mamãe, não
nos abandone tanto,
Não nos
deixe sozinhos assim!
− Sinto
muito, filhos, é a vida,
que um dia
chega ao fim.
Agora vou
muito longe e não volto nunca mais.
Fiz tudo que
devia, vou ficar em paz.
Por isso não
chorem, mas cantem baixinho
Uma linda
canção para mim.
Por isso,
dali a dois dias, quando de casa partia,
mesmo
chorando, para ela cantamos “Maria, Maria”!
SEM RUMO
Parti de perto do porto,
deixei tudo decidido,
abandono a dona de minha dor
e vou em busca de outra flor,
mas minha nau naufraga
na curva do vento,
pondo fim à lida
e ao meu sofrimento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário